Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (3), o advogado da coligação “Um Novo Rumo para Sinop”, Daniel Moura, trouxe novos detalhes sobre a ação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na quarta-feira (2). A operação investiga graves acusações de falsidade ideológica e abuso de poder econômico relacionadas à campanha do candidato à prefeitura, Roberto Dorner (PL).
Moura destacou que a busca ocorreu em um imóvel utilizado como contabilidade eleitoral paralela de Dorner, que estava sendo pago com recursos da Prefeitura. Segundo o advogado, o prédio pertence à empresa Telebyte Telecomunicações, que possui contratos vigentes com a administração municipal, somando quase R$ 1 milhão. Os contratos, nº 41/2021 e nº 156/2022, estabelecem que o imóvel deveria ser utilizado exclusivamente para serviços públicos, levantando sérias suspeitas sobre a utilização irregular de recursos públicos para fins eleitorais.
“A Polícia Federal já está de posse do material e conduzindo as investigações com rigor”, afirmou Moura.
Ele também refutou a defesa de Dorner, que alegou que o endereço da busca seria a sede do Partido Liberal (PL). Em pesquisa no Processo Judicial Eletrônico (PJE), Moura confirmou que o local correto do comitê central da campanha de Dorner fica em outras avenidas, e não na rua das Azaleias, onde ocorreu a busca.
Durante a operação, foram apreendidos seis notebooks, três celulares, um HD de 240 GB e mais de R$ 6 mil, incluindo R$ 3.692 apreendidos e R$ 2,5 mil entregues a uma testemunha. Uma colaboradora da campanha, servidora pública municipal comissionada, foi presa em flagrante, mas liberada após audiência de custódia, com a imposição de medidas cautelares.
O advogado concluiu ressaltando que, diante dos fatos e das investigações em andamento, a cassação do registro de candidatura de Roberto Dorner é legítima. “É o que esperamos segundo a legislação”, finalizou.
Entenda o caso
A investigação, conduzida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), revelou um esquema de pagamentos ilegais a cabos eleitorais em dinheiro, configurando um caixa dois. Dorner e seu vice, Paulo Henrique Fernandes de Abreu, estariam operando um "escritório paralelo" na região central de Sinop, disfarçado como uma sala comercial para aluguel.
Imagens e vídeos anexados ao processo mostraram movimentações suspeitas no local, com registros de pagamentos em espécie. Diálogos entre a coordenadora financeira e cabos eleitorais confirmaram que os pagamentos eram realizados sem o devido registro, desrespeitando as normas eleitorais.
Os elementos das investigações, incluindo áudios que instruem colaboradores a manter sigilo sobre a localização do escritório e a promessa de pagamentos em dinheiro, reforçam a suspeita de um esquema de contabilidade irregular, comprometendo a integridade do processo eleitoral em Sinop.