O presidente do PRD em Mato Grosso, Mauro Carvalho, criticou severamente o atual modelo de emendas parlamentares, apontando-o como um dos principais obstáculos à renovação política no país.
Em entrevista ao programa Entre Elas, da Rádio CBN, Carvalho destacou que o volume de recursos à disposição de parlamentares desequilibra o processo eleitoral e perpetua os mesmos nomes no poder.
Segundo ele, um senador tem acesso a cerca de R$ 250 milhões por ano, o que ao longo de um mandato soma R$ 2 bilhões destinados a 142 municípios.
Deputados estaduais também contam com valores consideráveis, chegando a R$ 40 milhões anuais para investimento em obras e ações locais. “Como alguém vai concorrer em igualdade com isso?”, questionou.
Para o dirigente partidário, a concentração desses recursos nas mãos de políticos já estabelecidos mina qualquer possibilidade de surgimento de novas lideranças.
“A política precisa de oxigenação. Hoje, quem permanece são sempre os mesmos, e isso é extremamente nocivo”, criticou.
Carvalho também respondeu a recentes declarações do deputado estadual Eduardo Botelho (União), que se manifestou contra a candidatura de secretários de Estado nas próximas eleições.
O presidente do PRD discordou da postura e defendeu que todos os cidadãos, independentemente da função pública que ocupem, têm o direito de participar do processo eleitoral.
“Não vivemos numa sociedade limitada. A Assembleia Legislativa deve estar aberta à participação democrática”, defendeu.
Além disso, ele voltou a defender o fim da reeleição, tanto no Executivo quanto no Legislativo.
Para Carvalho, limitar os mandatos a no máximo duas legislaturas garantiria uma necessária renovação e impediria que cargos eletivos fossem tratados como empregos vitalícios.
“Mandato não é carteira assinada. Permanecer décadas no poder é incompatível com a democracia”, afirmou.