Uma declaração da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), provocou forte reação no Supremo Tribunal Federal (STF) e gerou desconforto no Palácio do Planalto. Em entrevista concedida na noite de quinta-feira (10), Gleisi afirmou considerar “plenamente defensável” o debate sobre a anistia ou redução de penas aos civis condenados pelos atos de 8 de Janeiro. A declaração rapidamente repercutiu entre os ministros do STF, que classificaram a fala como "um absurdo" e um "tiro no pé".
Segundo informações do colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles, ao menos três ministros do Supremo procuraram interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na área jurídica para expressar sua indignação com a fala da ministra. Alguns cogitam até mesmo procurar o próprio presidente para reforçar a insatisfação.
Nos bastidores do governo, o clima também foi de desconforto. Assessores próximos ao presidente Lula tentaram minimizar o impacto da fala de Gleisi, afirmando que a ministra teria sido mal interpretada. A posição oficial do Planalto, segundo essas fontes, segue contrária à anistia aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes em janeiro de 2023.
A repercussão acontece em um momento político sensível. Na mesma data, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, anunciou ter alcançado as 257 assinaturas necessárias para apresentar o requerimento de urgência para o projeto de lei que prevê a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos. Caso aprovado, o projeto pode ir diretamente ao plenário da Câmara dos Deputados.
Há quem acredite, dentro do próprio governo, que a fala de Gleisi foi motivada por pressões externas, principalmente do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tenta articular uma saída política para reduzir o desgaste com a base bolsonarista.
Enquanto isso, no Supremo Tribunal Federal, o sentimento majoritário é de que qualquer tentativa de anistia representa um grave retrocesso institucional e um enfraquecimento da responsabilização judicial. Para os ministros, o Judiciário já se manifestou de forma clara e firme, e uma eventual anistia seria vista como afronta direta à Justiça.
A crise expõe rachaduras na relação entre os Três Poderes e acende um alerta no Planalto, que busca manter a estabilidade política e evitar embates com o Supremo em meio à tramitação de pautas delicadas no Congresso.
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Nelson Alberto Pulice 11/04/2025
Nada melhor que um racha nessas condições em que se encontram os três poderes, a maioria da população é cética, desiludida e, não confia mais nos poderes.
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