A secretária de Políticas Afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, Márcia Lima, pediu demissão nesta terça-feira (8) e deixou um recado direto ao Palácio do Planalto: a comunicação institucional é desorganizada, ineficaz e invisibiliza o trabalho técnico, sobretudo nas pastas voltadas à igualdade racial.
Professora da USP e referência nos estudos sobre raça no Brasil, Lima assumirá agora a Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) — um cargo técnico, longe dos holofotes políticos, onde, segundo ela, terá mais autonomia para atuar.
Em entrevista à imprensa, Márcia foi categórica ao apontar os problemas na articulação governamental. “A Secom [Secretaria de Comunicação da Presidência] não ajuda. A imprensa só olha para a figura da ministra. O trabalho técnico e coletivo desaparece”, afirmou.
Ela criticou ainda a falta de integração entre os 38 ministérios, dizendo que “todo mundo fala de si, ninguém fala do todo”. Para Lima, esse cenário mina a percepção de que há um projeto unificado e consistente por trás das ações do governo.
A ex-secretária também atacou o uso simbólico de ministérios como o da Igualdade Racial, que, segundo ela, são pouco valorizados estrategicamente. Citou como exemplo o programa Juventude Negra Viva, lançado com discurso presidencial e depois “engavetado” pela falta de envolvimento real dos demais ministérios e da própria comunicação oficial.
As críticas de Márcia Lima atingem diretamente o núcleo político do governo, especialmente após a reformulação da comunicação comandada por Sidônio Palmeira, nome de confiança de Lula. Segundo ela, mesmo com a mudança, as falhas persistem.
A saída de Lima reacende o debate sobre a fragilidade institucional das pautas de diversidade no governo. Ela aponta que a gestão está centralizada demais e que a efetividade das políticas depende de “vontades individuais” ou do aval direto da Presidência. “Se é preciso o aval do presidente para tudo, o problema é de estrutura, não de gestão”, concluiu.
Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência respondeu dizendo que promove a integração entre os órgãos e que os ministros são os porta-vozes naturais do governo. A resposta, no entanto, reforça a crítica de Lima: quem não tem ministério — ou não comanda uma pasta considerada "forte" — continua sem voz.
Márcia Lima sai do governo com críticas contundentes, mas também com a legitimidade de quem tentou, por dentro, transformar estruturas. Sua saída representa um alerta sobre o abismo entre o discurso progressista e a prática institucional do governo.
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Milton 09/04/2025
Começaram a pular do BARCO,/TITANIC DO PT..... Agora que a vaca já foi para o BREJO.... RELAXA. E GOZAM! Kkkkkkkkkkk......ATÉ. 2026!
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