Neste Halloween, Laísa Cassemiro, uma bruxa moderna e espiritualista brasileira que reside na Flórida, EUA, emerge como uma figura que inspira a busca por autoconhecimento e empoderamento feminino. Com tarot, cristais, sigilos e terapias energéticas, Laísa se dedica a ajudar outras pessoas a encontrarem sua própria essência.
Sua história é, de certo modo, um renascimento das antigas tradições de sabedoria feminina, que atravessaram séculos de perseguição e preconceito até chegarem aos dias atuais, em que o termo "bruxa" vem sendo ressignificado. A palavra “bruxa” foi marcada pela perseguição e repressão, mas sua origem remonta a figuras de mulheres conhecedoras da natureza, curandeiras, e líderes espirituais das antigas tribos e comunidades pagãs. No contexto europeu, essas mulheres eram reverenciadas por seus saberes sobre ervas, poções e rituais de cura que conectavam as pessoas ao mundo natural e ao espiritual.
No entanto, com o advento do Cristianismo, a visão das bruxas passou de curandeiras para figuras temidas, demonizadas, e associadas ao mal. A partir do século XV, com a Inquisição, o pânico sobre a prática de feitiçaria levou milhares de mulheres – e homens – a julgamentos, torturas e execuções em fogueiras em toda a Europa. A maioria dessas vítimas eram pessoas comuns, mas o mito da "bruxa má" se espalhou, e o medo foi explorado pela Igreja para eliminar qualquer prática que desafiasse suas crenças.
Nos Estados Unidos, os casos mais emblemáticos ocorreram em Salem, Massachusetts, onde, em 1692, 20 pessoas foram executadas durante a histeria de caça às bruxas. Essa imagem sombria só começou a mudar no século XX, quando o movimento neopagão resgatou as práticas de espiritualidade baseadas na natureza, estabelecendo a bruxaria como um caminho de autoconhecimento, cura e conexão com o divino. Hoje, o neopaganismo inclui tradições como a Wicca, que veem a bruxaria não como um símbolo de maldade, mas como uma filosofia de vida que celebra a conexão entre o ser humano e a natureza.
É esse espírito de liberdade e conhecimento ancestral que Laísa Cassemiro abraça e reinterpreta. Sua jornada com o tarot começou em 2018, quando percebeu que suas leituras poderiam ajudar outras pessoas a se reconectarem com seu eu interior. Laísa comenta que cada sessão envolve rituais profundos.
"Eu abro um círculo mágico, me conecto com meus guias e com os guias da pessoa. O tarot é um portal de cura e uma forma de orientar emocional e espiritualmente quem busca a sua própria verdade."
Ao resgatar esses saberes, Laísa também enfrenta os resquícios do preconceito. Para ela, ser uma bruxa moderna significa viver em liberdade e praticar uma espiritualidade que respeita as diversas crenças e se baseia na conexão com o divino.
"Ainda há preconceito, mas o importante é o apoio espiritual e o amor das pessoas ao meu redor", reflete.
Sua família e amigos a apoiam, e muitos também são seus clientes, buscando orientação em seu caminho.
O trabalho de Laísa, entretanto, não para no tarot. Ela conduz rituais de cura e abundância, terapias energéticas para prosperidade e sessões de autoconhecimento que são ressonantes para muitos. Seu papel é o de facilitadora, ajudando seus clientes a se reconectarem com seu próprio poder e a romperem com crenças limitantes. "A magia está dentro de cada um," explica ela, reafirmando a ideia de que cada pessoa é capaz de transformar sua realidade e de manifestar suas intenções.
A história de Laísa é uma prova de que a imagem das bruxas, antes associada ao mal, vem ganhando uma nova perspectiva de empoderamento. Em sua prática, Laísa celebra o que há de mais puro no conhecimento ancestral e na espiritualidade. Ela conecta diferentes tradições, como orixás e arquétipos, e entende que a magia é uma extensão do poder de cada um de nós, um símbolo de cura e libertação, num mundo que, mais do que nunca, precisa dessas forças para reequilibrar o sagrado e o humano.