No município de Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso, uma história de tradição e inovação está transformando a pecuária brasileira.
O criatório Long Horn Brasil, comandado pelo produtor Maurício Piona, vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Gado Texas Longhorn (Abralo), está à frente da introdução e desenvolvimento da raça Texas Longhorn no país.
Conhecida por seus chifres impressionantes e sua resistência, a raça icônica, originária dos Estados Unidos, está conquistando espaço entre os pecuaristas brasileiros.
Uma paixão que atravessa fronteiras:
A trajetória de Maurício Piona com o Texas Longhorn começou em 2018, durante uma viagem aos Estados Unidos. Ao assistir a um desfile de bois Longhorn em Dallas, Texas, ele ficou impressionado com a imponência e história da raça.
“Vi nos Longhorns algo que o Brasil ainda não tinha: uma união de beleza, rusticidade e genética única. Decidi que traria essa experiência para o Brasil”, relembra.
A partir dessa decisão, Piona embarcou em uma jornada de pesquisa e investimento. Em 2019, fundou a Abralo, viabilizando a importação de genética da raça por meio de sêmen, embriões e até mesmo animais vivos.
Desde então, o criatório Long Horn Brasil, localizado na Estância Araçatuba, tornou-se referência no país.
Adaptação ao Brasil: desafios e aprendizados:
Introduzir uma raça estrangeira na pecuária brasileira foi um desafio técnico e regulatório.
O manejo do Texas Longhorn exige adaptações específicas, como curral apropriado e maior atenção nos processos reprodutivos, especialmente na inseminação artificial.
“A criação demanda cuidados individualizados. Embora seja mais trabalhoso, os resultados são altamente compensadores”, destaca Piona.
Além disso, a rusticidade do Longhorn, desenvolvida ao longo de séculos no oeste americano, contribuiu para sua adaptação ao clima brasileiro, especialmente em regiões quentes como o Mato Grosso.
Um mercado em ascensão:
Aos poucos, o Texas Longhorn conquista espaço entre criadores e investidores no Brasil.
O alto valor agregado dos exemplares chama atenção: bois castrados podem alcançar até R$ 160 mil em leilões, enquanto vacas puras chegam a preços entre R$ 100 mil e R$ 200 mil.
O criatório Long Horn Brasil também está inovando com um projeto de cruzamento entre Longhorns e mini-vacas, resultando nos chamados “mini Longhorns”.
A proposta é atender a um mercado específico de animais de pequeno porte, que têm potencial para serem mantidos como pets ou em propriedades menores.
Preservando história e tradição:
Mais do que um empreendimento comercial, Maurício Piona vê a criação de Texas Longhorn como uma missão cultural.
Para ele, os chifres longos e curvados do animal simbolizam resistência e adaptação.
“Cada Longhorn carrega uma história. Estamos escrevendo um novo capítulo dessa trajetória no Brasil, preservando sua genética única e promovendo suas qualidades”, ressalta.
Com o esforço de criadores visionários, como Piona, o Texas Longhorn deixa de ser apenas um símbolo do oeste americano e se torna parte integrante do cenário da pecuária brasileira.
Unindo tradição, inovação e um mercado promissor, a raça caminha para consolidar seu lugar no Brasil, fortalecendo a diversidade e a qualidade da produção nacional.