O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (11), aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, levando-a ao patamar de 12,25% ao ano. Esta foi a maior elevação desde fevereiro de 2022 e marca o encerramento do ciclo de reuniões do Copom em 2024.
A decisão foi unânime entre os nove membros do colegiado e surpreendeu parte do mercado, que majoritariamente apostava em uma alta de 0,75 ponto percentual. O movimento reflete a deterioração das expectativas econômicas após a apresentação do pacote fiscal e da reforma do Imposto de Renda (IR) pelo governo, no final de novembro.
A depreciação do câmbio e a desancoragem das expectativas de inflação foram determinantes para a decisão. Desde o início de dezembro, o dólar opera acima de R$ 6, atingindo o maior patamar desde o lançamento do Plano Real, em 1994. Esse movimento acentuou as previsões de inflação, que agora indicam o estouro do teto da meta neste ano e em 2025.
Atualmente, o BC persegue uma meta de inflação de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Contudo, as estimativas do mercado apontam para um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,84% em 2024 e 4,59% em 2025, de acordo com o último Boletim Focus.
“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções inflacionárias, dinamismo acima do esperado na atividade econômica e maior abertura do hiato do produto”, afirmou o BC em nota.
Previsão de novos aumentos em 2025
O Copom sinalizou que o ciclo de alta dos juros deve continuar em 2025, com novas elevações de 1 ponto percentual previstas para as reuniões de janeiro e março. Caso essa projeção se concretize, a Selic atingirá 14,25% ao ano no primeiro trimestre, o maior nível em dois anos.
A instituição justificou que a intensidade do aperto monetário dependerá da dinâmica inflacionária e de fatores como a inflação de serviços, sensível à atividade econômica, e os impactos de políticas econômicas internas e externas.
Impactos do pacote fiscal e da reforma tributária
O anúncio recente do pacote fiscal e da reforma do IR gerou forte reação no mercado. A isenção do IR para salários de até R$ 5 mil, entre outras medidas, pressionou as expectativas fiscais e contribuiu para a desvalorização cambial.
“Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, pontuou o Copom.
A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos também adicionou volatilidade ao cenário global. A expectativa de medidas econômicas expansionistas por parte do governo norte-americano pode dificultar a queda dos juros pelo Federal Reserve (Fed), mantendo uma política monetária restritiva e influenciando negativamente economias emergentes, como a brasileira.
Com a elevação da Selic para 12,25% ao ano, o Banco Central reafirma seu compromisso em controlar a inflação, mesmo diante de um cenário de pressões internas e externas. O movimento indica que a política monetária seguirá contracionista em 2025, refletindo a necessidade de ancorar as expectativas do mercado e mitigar os efeitos de uma conjuntura econômica desfavorável.
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