Por Mila Schneider-Lavelle*
Nos últimos dias, Kanye West, agora conhecido como Ye, reacendeu a indignação mundial ao mergulhar ainda mais fundo em declarações antissemitas e ações provocativas. O rapper, que já havia sido criticado no passado por seus comentários de ódio contra judeus, ultrapassou novos limites ao elogiar Adolf Hitler, negar o antissemitismo e vender produtos com símbolos nazistas. Seus atos não apenas reacenderam preocupações sobre a crescente normalização do discurso antissemita, mas também evidenciaram o perigo real que esse tipo de retórica representa para os judeus e para a sociedade como um todo.
A Apologia ao Nazismo e o Ataque Direto aos Judeus
No dia 7 de fevereiro de 2025, Kanye West usou sua conta na plataforma X (antigo Twitter) para divulgar mensagens abertamente antissemitas. Entre suas postagens mais chocantes, o rapper declarou: “Eu sou nazista” e fez menção direta a Adolf Hitler de forma elogiosa. Essa declaração não foi isolada. Ele negou a existência do antissemitismo e tentou minimizar o Holocausto, seguindo um padrão que já havia adotado anteriormente, mas agora de maneira ainda mais agressiva.
A resposta foi imediata. Organizações judaicas e defensores dos direitos humanos condenaram seus comentários, alertando para o perigo de um discurso que trivializa o genocídio de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. O Holocausto não é um tema a ser relativizado, e quando uma figura com milhões de seguidores espalha desinformação e ódio, ele não apenas reescreve a história de forma irresponsável, mas também incentiva a intolerância e o extremismo.

Propaganda Neonazista Durante o Super Bowl
Se suas palavras já eram graves, suas ações foram ainda mais alarmantes. Aproveitando a enorme audiência do Super Bowl, no dia 9 de fevereiro de 2025, Kanye West veiculou um comercial enigmático de 15 segundos que redirecionava os espectadores para seu site oficial, Yeezy.com. Lá, os visitantes foram surpreendidos com camisetas contendo símbolos nazistas, incluindo suásticas. Os produtos foram rapidamente identificados como apologia ao nazismo, e a plataforma Shopify, onde a loja estava hospedada, removeu imediatamente os itens e desativou sua conta.
O fato de um evento tão grandioso como o Super Bowl ter sido explorado para espalhar propaganda de ódio ressalta a urgência de impedir que discursos antissemitas ganhem espaço na sociedade. O nazismo não foi apenas um episódio sombrio da história — ele é um símbolo do extermínio sistemático do povo judeu e de milhões de outras vítimas. Permitir sua glorificação em qualquer forma é uma ameaça à humanidade.
Consequências: Redes Sociais, Agências e Rejeição Pública
Diante da repercussão, a conta de Kanye West no X foi novamente suspensa. Elon Musk, dono da plataforma, que já havia restaurado a conta do rapper anteriormente, dessa vez decidiu intervir. Musk declarou que as postagens de West violavam as regras contra incitação ao ódio e à violência, demonstrando que há limites para a “liberdade de expressão” quando esta se torna uma arma para espalhar intolerância.
Além disso, a agência de talentos 33 & West encerrou definitivamente sua parceria com Kanye West. Daniel McCartney, um dos agentes da empresa, declarou que não poderia compactuar com o extremismo e o ódio. Esse movimento se soma ao boicote de diversas marcas e entidades que já haviam cortado laços com o artista devido a declarações semelhantes no passado.
O ator David Schwimmer, conhecido por seu papel na série Friends, também se manifestou, pedindo diretamente a Elon Musk que removesse West do X, chamando-o de “fanático delirante”. Sua indignação reflete o sentimento de muitos judeus e aliados que compreendem o risco que discursos desse tipo representam para o mundo.

Resistência e Respostas da Comunidade Judaica
Diante desse cenário, judeus e aliados têm se mobilizado para combater a desinformação e o ódio promovido por Kanye West. O músico Matthew Koma, por exemplo, lançou camisetas com a inscrição “F— YE”, destinando os lucros para a Blue Card, uma organização que ajuda sobreviventes do Holocausto. Esse tipo de resposta reforça que o antissemitismo não passará sem resistência.
Um vídeo criado por inteligência artificial circulou nas redes sociais com a imagem de celebridades judaicas como Scarlett Johansson, denunciando o antissemitismo de Kanye West. A atriz, no entanto, condenou o uso de sua imagem sem permissão, alertando para os perigos da manipulação digital, mesmo quando usada por boas causas.
Conclusão: O Silêncio Não é uma Opção
Os acontecimentos dos últimos dias mostram que Kanye West não aprendeu nada com as críticas e punições anteriores. Ele continua utilizando sua influência para espalhar ódio, e se não houver uma resposta firme e unificada, seu discurso encontrará eco entre extremistas prontos para transformar palavras em ações.
O antissemitismo não pode ser tratado como mera polêmica ou opinião controversa. Ele é uma ameaça real, que já resultou na perseguição e morte de milhões de inocentes ao longo da história. Quando alguém como Kanye West tenta reescrever essa narrativa, cabe a todos nós — judeus e não judeus — rejeitar essa normalização do ódio.
É preciso lembrar: da última vez que o mundo ignorou o antissemitismo, seis milhões de judeus foram assassinados. Não podemos cometer o mesmo erro novamente.
Mila Schneider-Lavelle é especialista em Marketing e Teologia, com experiência como Head Manager de Marketing. Influenciadora digital com foco em temas internacionais, especialmente sobre o Oriente Médio.
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