O caso de ofensas a alunos cotistas da Universidade de São Paulo (USP) durante os Jogos Jurídicos Estaduais, realizados no último sábado (16), em Americana, no interior de São Paulo, ganhou repercussão nacional após a divulgação de um vídeo em que estudantes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) proferem insultos de caráter racista e classista contra os alunos da USP. Em resposta, dois escritórios de advocacia de grande renome, o Pinheiro Neto Advogados e o Castro Barros Advogados, confirmaram a demissão de estagiários envolvidos.
O escritório Pinheiro Neto Advogados informou que a estudante de direito da PUC-SP, Tatiane Joseph Khoury, de 20 anos, que apareceu nas imagens ofendendo os colegas da USP, não faz mais parte da equipe. Em nota, a instituição lamentou o episódio e reiterou seu compromisso com a intolerância zero a qualquer tipo de preconceito.
"O Pinheiro Neto Advogados lamenta o episódio ocorrido durante os Jogos Jurídicos Estaduais, no último sábado (16). O escritório reitera que não tolera racismo ou qualquer outro tipo de preconceito. Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório", diz a nota.
Um segundo escritório, o Castro Barros Advogados, também tomou medidas em relação ao caso. O escritório confirmou a demissão de Arthur Martins Henry, estagiário envolvido nas ofensas, e emitiu uma nota afirmando que "não admite qualquer ato discriminatório praticado por qualquer um de seus integrantes, dentro ou fora do escritório". "Qualquer pessoa que ignore ou despreze esse fato não tem condições de fazer parte da nossa equipe", afirmou a nota.
Por outro lado, o escritório Machado Meyer ainda está avaliando as medidas a serem tomadas em relação à estagiária da PUC-SP envolvida nas ofensas. Em nota, o escritório disse que "recebeu ao longo do final de semana notícias a respeito dos eventos ocorridos nos jogos jurídicos estaduais de São Paulo" e que realizará "as apurações necessárias" antes de tomar uma decisão. Afirmou ainda repúdio "veemente" a qualquer ato de preconceito ou discriminação, destacando que a diversidade é um pilar essencial da sua atuação.
O caso ocorreu durante uma partida de handebol entre equipes da PUC-SP e USP, quando membros da torcida do curso de Direito da PUC-SP foram filmados fazendo gestos e gritos de teor racista e classista. As palavras "cotista" e "pobre" foram usadas para ofender os adversários, enquanto os estudantes também faziam gestos alusivos à contagem de dinheiro.
As imagens foram amplamente divulgadas nas redes sociais e geraram protestos, incluindo uma nota de repúdio do Centro Acadêmico XI de Agosto, da USP, que classificou as provocações como racistas, exigindo que a organização dos Jogos Jurídicos Estaduais tomasse providências. A reitoria da PUC-SP também se manifestou, condenando o ato e afirmando que tomaria as medidas cabíveis.
"É nas academias de direito que se formam os profissionais que deveriam operar contra as injustiças, injúrias e preconceitos de classe e raciais. Atos como esses explicitam a violência que estudantes cotistas enfrentam ao ocupar espaços que historicamente lhes foram negados", disse o Centro Acadêmico em nota.
O episódio gerou um amplo debate sobre o preconceito no ambiente universitário, especialmente em instituições de ensino superior, onde as questões de classe, raça e acesso são frequentemente discutidas. A organização dos Jogos Jurídicos Estaduais também se posicionou, afirmando que tomará as medidas necessárias para punir os envolvidos no incidente.