A Polícia Federal (PF) está investigando supostos "pagamentos milionários" feitos pela JBS ao advogado Rodrigo Gonçalves Pimentel, filho do desembargador Sideni Pimentel, como parte de um esquema de venda de sentenças no Mato Grosso do Sul.
Documentos da PF indicam que o advogado teria recebido R$ 21 milhões da gigante do setor de alimentos entre 2022 e 2023, o que despertou a atenção das autoridades.
A investigação aponta que a JBS, controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, realizou esses pagamentos a Pimentel em um período de apenas nove meses, enquanto buscava expandir seus interesses no estado, especialmente em torno da disputa pelo controle da Eldorado Celulose, empresa de celulose localizada em Três Lagoas (MS).
A holding é conhecida por seu histórico de problemas legais, incluindo envolvimento em esquemas de corrupção que marcaram manchetes em todo o Brasil.
Em relatório da PF, o delegado Marcos André Araújo Damato, responsável pela investigação, questionou os motivos desses pagamentos vultosos e destacou que há indícios suficientes para aprofundar as apurações.
“O prosseguimento das investigações poderá esclarecer se há algum crime relacionado a tais pagamentos milionários”, afirmou o delegado, sugerindo que as transações entre a JBS e o advogado possam ir além de um simples contrato de prestação de serviços.
A assessoria da JBS, por sua vez, declarou que os pagamentos realizados ao escritório de Pimentel são legítimos e correspondem a honorários por serviços jurídicos prestados.
A empresa frisou que o escritório Pimentel & Mochi Advogados Associados atua em diversas causas da JBS e que a quantia transferida faz parte de uma relação comercial comum.
Além disso, documentos apontam uma ligação de Rodrigo Gonçalves Pimentel com a advogada Emmanuelle Silva, acusada de estelionato em 2018, após um esquema fraudulento envolvendo R$ 5,5 milhões.
Esse caso reforça as suspeitas de um esquema maior de corrupção e venda de sentenças, envolvendo advogados e membros do judiciário. Durante a operação, a PF encontrou, na casa de um magistrado envolvido no caso, cerca de R$ 2,7 milhões em espécie.
As investigações, em curso desde o ano passado, chamam atenção para os possíveis vínculos entre grandes corporações e decisões judiciais duvidosas.
O impacto do caso pode ser significativo, colocando em questão a integridade de operações empresariais e a credibilidade de decisões judiciais no estado.
O desfecho da investigação pode ter um peso importante para o sistema jurídico brasileiro, revelando potenciais fraudes e colocando em evidência práticas corporativas e jurídicas que, se comprovadas, desrespeitam o Estado de Direito e a confiança pública no sistema de justiça.