O volume de transferências via Pix caiu significativamente nos primeiros dias de janeiro de 2025, registrando uma retração de 10,9% em relação ao mesmo período de dezembro de 2024. De acordo com informações reveladas pelo jornal O Globo com base em dados do Banco Central (BC), foram realizadas 1,25 bilhão de transações entre os dias 4 e 10 de janeiro deste ano.
Contexto da queda
A comparação utilizou os períodos com maior concentração de transferências mensais, devido ao pagamento de salários e outras movimentações de grande volume. No entanto, as transações consideradas levam em conta apenas operações entre bancos e fintechs diferentes, excluindo transferências realizadas dentro da mesma instituição, cujos dados são divulgados mensalmente.
Embora a queda em janeiro tenha sido influenciada pelo aumento de gastos no período natalino e pelo pagamento do 13º salário em dezembro, a redução de 10,9% foi a mais expressiva registrada para o período desde a criação do Pix, superando o recorde anterior de 7,5% em janeiro de 2022.
Além disso, os números de janeiro ficaram abaixo dos registrados no início de novembro, outubro e setembro de 2024, o que sugere uma desaceleração atípica no uso do método de pagamento.
O impacto da desinformação
A queda nas transações ocorre em meio à disseminação de informações falsas sobre um suposto “imposto do Pix”. Apesar de o governo e o Banco Central já terem desmentido os boatos, notícias falsas continuam circulando em redes sociais e aplicativos de mensagens, aumentando o receio entre os usuários.
Segundo os boatos, haveria a cobrança de um imposto sobre transações via Pix e uma intensificação do monitoramento do governo sobre movimentações financeiras. Embora tais informações sejam inverídicas, o receio gerado pode ter contribuído para a redução do uso do sistema no início do ano.
Novas regras de fiscalização
De acordo com o governo, as regras de monitoramento de transações financeiras não são exclusivas do Pix e visam combater a sonegação fiscal. Instituições financeiras estão agora obrigadas a informar a Receita Federal sobre movimentações que ultrapassem R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas em um único mês.
O objetivo dessas medidas é verificar discrepâncias entre as movimentações financeiras e a renda declarada pelos contribuintes. O governo reafirmou que as mudanças não representam a criação de um imposto específico para o Pix, mas sim uma ampliação do controle sobre transações financeiras como um todo.