A decoração natalina de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, ganhou as manchetes e acendeu um debate político nas redes sociais. Este ano, a prefeitura optou por vestir os tradicionais papais-noéis com trajes dourados e detalhes em verde, abandonando o clássico vermelho. A mudança foi imediatamente associada a uma suposta motivação política, gerando críticas de internautas e da oposição ao prefeito Fabrício Oliveira (PL).
Apelidado de "Papai Noel patriota" nas redes sociais, o novo visual dos bonecos foi financiado com recursos públicos, conforme licitação divulgada em novembro. O contrato incluiu 11 papais-noéis de fibra de vidro, com cores predominantemente douradas, brancas e verdes, ao custo de R$ 89,5 mil.
Críticos, como o vereador Eduardo Zanatta (PT), acusam a prefeitura de promover uma "demarcação ideológica". "Nem a tradição do Natal respeitam. É uma tentativa forçada de marcar posição política com uma política derrotada nas últimas eleições municipais", declarou Zanatta.
O deputado estadual Marquito José (PSOL) também questionou a relevância da mudança. "Isso é uma cortina de fumaça para desviar atenção de problemas reais. Chega a ser ridículo", disse.
Por outro lado, o prefeito Fabrício Oliveira negou que a escolha das cores tenha conotação política. Segundo ele, a intenção foi inovar e transmitir uma mensagem de prosperidade e exclusividade. "Não houve motivação política alguma. É uma decoração que busca celebrar o espírito natalino de forma lúdica e encantadora", afirmou o prefeito em nota oficial.
A polêmica ocorre em um cenário onde Balneário Camboriú é visto como um reduto conservador. A cidade sediou, em 2024, o CPAC Brasil, evento da direita radical sul-americana, e elegeu Jair Renan Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o vereador mais votado. Além disso, nas eleições presidenciais de 2022, Bolsonaro venceu Lula na cidade com ampla margem.
Enquanto a prefeitura defende a iniciativa como parte de uma estratégia para atrair turistas e fomentar a economia local, a oposição promete formalizar questionamentos oficiais sobre o impacto da mudança para o turismo e os custos envolvidos.
A discussão reflete a polarização política e cultural no Brasil, com elementos do cotidiano, como a decoração natalina, sendo transformados em palco para disputas ideológicas.