Na manhã desta quinta-feira (11), indígenas tomaram as ruas de Pontal do Araguaia, Mato Grosso, clamando por justiça para quatro crianças xavante, entre 5 e 9 anos, que foram brutalmente chicoteadas com uma corda.
A agressão, que deixou hematomas visíveis nas costas, braços e rostos das vítimas, teria ocorrido no dia 6 de dezembro, após um morador local acusá-las de furtar alimentos de sua residência.
Segundo os familiares, o episódio gerou não apenas ferimentos físicos, mas também traumas psicológicos nas crianças, que agora têm medo de sair de casa e enfrentam dificuldades para se alimentar.
O caso foi registrado como lesão corporal, e tanto o Conselho Tutelar quanto a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) acompanham o desenrolar das investigações.
Em nota, a Funai condenou o ato, classificando-o como um episódio de violência, racismo e intolerância. A fundação destacou que está oferecendo apoio integral às famílias e trabalhando junto a órgãos competentes para garantir a segurança dos envolvidos e buscar responsabilização dos agressores.
Apesar da possibilidade de retornar às aldeias de origem, as famílias optaram por permanecer na cidade, onde as crianças frequentam a escola.
O suspeito identificado pelas vítimas, Delmir Magalhães, de 45 anos, negou as acusações e alegou tentativa de extorsão por parte dos indígenas, mas não apresentou provas.
Mara Barreto Sinhosewawe, liderança xavante, destacou o impacto das políticas públicas na escalada da violência contra indígenas no estado, criticando a gestão do governador Mauro Mendes (União Brasil) pela falta de apoio às comunidades. Ela formalizou uma denúncia ao Ministério Público Federal.
A Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Civil já realizou exame de corpo de delito e está indiciando os responsáveis.
O governo de Mato Grosso alegou implementar políticas de apoio aos povos indígenas, mas o caso evidenciou lacunas no atendimento e na proteção dessas populações.
Nas redes sociais, entidades indígenas e influenciadores amplificaram o pedido de justiça, transformando a tragédia em um símbolo da luta contra o preconceito e a violência estrutural enfrentada pelas comunidades indígenas no Brasil.