O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) adiou a decisão sobre a sindicância instaurada contra o juiz Wladymir Perri, que deu voz de prisão à mãe de uma vítima durante uma audiência em setembro de 2023.
A decisão pelo adiamento foi motivada pela ausência justificada de um dos desembargadores que integram o colegiado, conforme informou a assessoria de imprensa do Poder Judiciário Estadual.
Uma sessão extraordinária deverá ser marcada para tratar do caso, embora ainda não haja uma data definida.
O Órgão Especial, composto por 13 desembargadores, realiza suas sessões geralmente duas vezes por mês, na segunda e quarta semanas.
A sindicância contra Wladymir Perri teve origem após um incidente ocorrido durante uma audiência na 12ª Vara Criminal de Cuiabá, onde o juiz deu voz de prisão a Sylvia Mirian Tolentino de Oliveira, mãe de uma vítima de homicídio.
Sylvia manifestou-se contra o acusado do assassinato de seu filho, o que levou o juiz a intervir, pedindo que ela mantivesse a serenidade.
A situação culminou na prisão da mãe após ela bater na mesa e dirigir-se ao réu.
O caso gerou ampla repercussão, especialmente depois que trechos da audiência foram divulgados nas redes sociais e pela imprensa.
Em outubro do ano passado, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, determinou a abertura de uma reclamação disciplinar para apurar a conduta de Perri.
O ministro destacou que o magistrado não teria seguido as diretrizes do Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, afetando a integridade psicológica da mulher, "vítima indireta" do crime.
Em resposta às acusações, o juiz Wladymir Perri publicou uma carta aberta, na qual se declarou vítima de narrativas criadas por "psicopatas" e comparou sua situação às perseguições nazistas contra os judeus. Perri afirmou que caiu em uma "armadilha" e que está sendo alvo de um "pré-julgamento" pelo Conselho Nacional de Justiça.
Em junho deste ano, o corregedor-geral de Justiça de Mato Grosso, desembargador Juvenal Pereira da Silva, votou pela abertura de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra Wladymir Perri.
No entanto, a sessão foi suspensa após o pedido de vista compartilhado dos desembargadores Rui Ramos e Paulo da Cunha.
Este mês, o ministro Salomão voltou a cobrar uma decisão do TJMT, estabelecendo um prazo de cinco dias para que a Corte informasse quando o caso seria apreciado.