O brutal assassinato de Rayane Alves Porto, candidata a vereadora, e sua irmã Rithiele Alves Porto, colocou em foco a identidade do suposto mandante do crime, Norivaldo Cebalho Teixeira, conhecido como "Véio", "Tuta" ou "Mercúrio". Segundo a polícia, Norivaldo, líder do Comando Vermelho (CV) na região de fronteira em Mato Grosso, ordenou a execução das irmãs de dentro da prisão, por meio de uma chamada de vídeo que durou cerca de três horas.
Rayane, de 25 anos, e Rithiele, de 28, foram torturadas e mortas em Porto Esperidião (MT).
Rayane, de 25 anos, e Rithiele, de 28, foram torturadas e mortas em Porto Esperidião (MT), e a ordem para o crime teria sido dada diretamente por Norivaldo, que está preso desde 2022 na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. Ele cumpre pena por sua participação no assassinato de Thiago de Brito de Almeida, um soldado do Exército morto aos 19 anos enquanto jogava basquete com amigos em Cáceres (MT).
O poder de Norivaldo "Véio" no Comando Vermelho
Norivaldo é considerado um dos detentos mais perigosos do sistema prisional de Mato Grosso. Nascido em Cáceres, ele ingressou no Comando Vermelho em 2012 e, atualmente, atua como conselheiro geral da facção criminosa no estado. Sua atuação se estende por municípios como Porto Esperidião, Nova Lacerda, Campos de Júlio e Sapezal, onde exerce controle sobre o tráfico de drogas e coordena punições internas, como gerente da disciplina do CV.
De acordo com seu depoimento à polícia, Norivaldo é responsável por repassar informações ao conselho superior da organização criminosa e, em troca, recebe comissões sobre as vendas de drogas nessas cidades. Ele também relatou que a política interna da facção é eliminar rivais do Primeiro Comando da Capital (PCC) e traficantes que se recusam a cooperar com o CV.
Assassinato do soldado Thiago de Brito de Almeida
Em 2022, Norivaldo já havia sido apontado como o mandante do assassinato do soldado Thiago de Brito, que foi morto em uma disputa territorial entre o CV e o PCC. O jovem, que não tinha qualquer envolvimento com o crime organizado, foi abordado enquanto jogava basquete em Cáceres. Mesmo após afirmar que era militar, ele foi perseguido e baleado ao tentar fugir dos criminosos.
"Autoria de escritório": controle remoto da violência
Embora não tenha sido o executor direto dos assassinatos, Norivaldo é considerado o "autor intelectual" de vários crimes. A Justiça classifica sua atuação como "autoria de escritório", ou seja, ele ordena as execuções e tem controle sobre os atos criminosos, sem precisar estar fisicamente presente.
A morte das irmãs Porto, assim como a de Thiago de Brito, exemplifica a brutalidade das disputas entre facções criminosas nas regiões de fronteira em Mato Grosso. As autoridades continuam investigando o envolvimento de Norivaldo em outros crimes, enquanto ele permanece detido na PCE, onde ainda exerce forte influência sobre o Comando Vermelho.
