O comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Mendes, fez duras críticas às leis brasileiras, afirmando que o país dá "carta branca ao crime organizado". Em uma carta aberta divulgada esta semana, Mendes destacou a violência extrema das facções criminosas e a incapacidade das leis de conter essas ações. O estopim para o desabafo foi a execução brutal das irmãs Rayane e Rithiele Alves Porto, em Porto Esperidião, em um crime que chocou o estado e o país.
“As leis frágeis e o cumprimento ineficaz delas criam um ambiente onde atrocidades como essas são possíveis”, afirmou o coronel. Ele se referia à crueldade do crime, onde as irmãs, sequestradas por membros de uma facção, foram torturadas, tiveram dedos amputados e suas execuções foram transmitidas ao vivo para um líder criminoso, preso na Penitenciária Central do Estado (PCE).
Facções controlando execuções de dentro da cadeia
Rayane, de 25 anos, e Rithiele, de 28, foram capturadas sob a suspeita de pertencer a uma facção rival. A ordem para as mortes partiu de dentro da PCE, com o líder do crime organizado assistindo à tortura e execução por chamada de vídeo. As irmãs foram assassinadas a facadas após serem submetidas a uma sessão de tortura.
Diante da crescente violência, Mendes reforçou a necessidade de mudanças rigorosas na legislação. “A impunidade tortura e mata. Sem penas rígidas e cumprimento efetivo, o combate ao crime organizado fica apenas nas mãos das polícias, que estão em uma verdadeira guerra”, declarou o comandante, frisando que a Polícia Militar tem enfrentado essa batalha com toda a força possível.
Confrontos violentos e mortes de criminosos
O comandante relatou que, enquanto escrevia o comunicado, havia recebido a notícia de que nove criminosos foram mortos em confrontos com a Polícia Militar entre a noite de quarta-feira (18) e a manhã de quinta-feira (19). “Se tivéssemos recebido uma informação minimamente precisa sobre o local ou as pessoas envolvidas no crime das irmãs Porto, os mortos noticiados hoje não seriam elas”, lamentou Mendes, ressaltando a importância da colaboração da sociedade e de informações precisas para prevenir esses crimes.
Critica à falta de apoio social
Além das críticas às leis, Mendes apontou a falha da estrutura social e familiar na prevenção do crime. “Se a lei falha, falha também a família, a rede de proteção social, que deveria prevenir o crime e proteger nossas crianças. Cada um tem seu papel nessa guerra, desde a mãe que cuida do recém-nascido até o policial que patrulha as ruas”, afirmou.
Esforços do governo e futuro da segurança
O coronel destacou os esforços do governo de Mato Grosso, liderado por Mauro Mendes, e do secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque Roveri, em fortalecer a segurança do estado. Ele mencionou os investimentos robustos na área e as operações coordenadas contra o crime organizado. “Não é uma luta fácil, mas estamos firmes, com o apoio do governador e do secretário, e Mato Grosso vencerá essa guerra contra as facções”, concluiu Mendes.
A apreensão recorde de drogas, segundo o comandante, tem enfraquecido as facções, aumentando os confrontos entre grupos criminosos e permitindo que a polícia aja com mais eficácia, tanto em operações quanto em investigações.
A carta de Alexandre Mendes não apenas destaca a gravidade do problema da criminalidade no estado, mas também coloca em debate a eficácia do sistema legal brasileiro e a urgência de reformar as leis para combater a violência crescente.
