Na esteira da decisão da rede francesa Carrefour de não adquirir mais produtos do Mercosul, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), manifestou sua indignação e exigiu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reaja de maneira robusta.
Durante sua participação no programa Money News, da rádio CBN Brasil, Mendes acusou a França de desrespeitar a produção brasileira, destacando a importância do agronegócio para o Brasil, que é o maior exportador de carne bovina e de aves do mundo.
“Eles não chegam perto da proteção ambiental que temos no nosso país. No fundo, isso é uma guerra comercial. O Governo Brasileiro tem que ter uma resposta à altura e não pode se acovardar”, afirmou o governador, mencionando que a Danone já havia se manifestado de forma similar ao boicotar produtos brasileiros.
Em resposta à situação, Mendes convocou uma reação em massa e sugeriu um boicote ao Atacadão e ao Carrefour, como forma de protesto.
Ele salientou que a proposta é de tratar os produtos franceses no Brasil da mesma maneira que estão sendo tratados os produtos brasileiros na França.
Lei da Reciprocidade:
Mendes revelou que pretende recorrer à bancada federal de Mato Grosso para apresentar um projeto de lei que formalize esse boicote aos produtos franceses.
“Eu vou propor isso no Congresso Nacional: criar [uma lei] dentro do princípio da reciprocidade”, anunciou, ressaltando a necessidade de uma competição justa em um mundo globalizado.
Por outro lado, o Ministério da Agricultura do Brasil minimizou a importância da medida anunciada pelo Carrefour, afirmando que não acredita em um movimento orquestrado para dificultar o Acordo Mercosul-União Europeia.
A rede varejista, por sua vez, esclareceu que a decisão se aplica apenas às lojas na França e não reflete uma avaliação negativa da qualidade dos produtos do Mercosul, mas sim uma resposta a uma demanda específica do setor agrícola francês em meio a uma crise.
O tom polêmico das declarações de Mendes ressalta a tensão crescente nas relações comerciais entre Brasil e França, à medida que o governador posiciona a questão como uma defesa da soberania nacional e do setor produtivo brasileiro.