O senador Jayme Campos (União) é o parlamentar brasileiro que mais utilizou as chamadas "emendas Pix" entre 2020 e 2024, totalizando R$ 89,3 milhões, segundo apuração do jornal O Globo.

 

Esse mecanismo de repasse direto, sem necessidade de convênios ou projetos específicos, tem gerado controvérsia, especialmente em relação à transparência.

 

Em sua defesa, Jayme justificou o uso da modalidade alegando que ela reduz a burocracia e acelera a liberação de recursos, em contraste com o modelo tradicional, que pode levar anos.

 

"Se houver desvios, é responsabilidade do prefeito aplicar bem os recursos, e ele deve ser penalizado conforme a lei", afirmou o senador.

 

Outro parlamentar de Mato Grosso, Carlos Fávaro (PSD), atualmente licenciado para ocupar o cargo de ministro da Agricultura, também aparece no ranking como o 8º maior usuário, com R$ 76,3 milhões destinados.

 

Criadas em 2019 pelo Congresso Nacional, as emendas Pix permitem que os recursos sejam depositados diretamente nas contas de prefeituras e governos estaduais, sem a obrigatoriedade de indicação de projetos ou obras específicas.

 

Apesar da rapidez e simplicidade, especialistas apontam que o modelo pode facilitar irregularidades e reduzir a transparência.

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu temporariamente as transferências em agosto de 2024, retomando-as em dezembro com novas regras para mitigar riscos.

 

Essa medida reflete o embate entre o Legislativo e o Executivo sobre o controle do orçamento, evidenciando o impacto político das emendas Pix no equilíbrio de poder em Brasília.

 

Jayme Campos foi alvo de uma investigação do Ministério Público Federal em novembro de 2024, devido a repasses ao município de Querência.

 

Ainda assim, o senador continua defendendo a modalidade como uma solução prática para superar entraves burocráticos.

 

Por outro lado, integrantes do governo consideram o aumento no uso dessas emendas um desafio à governabilidade e à gestão eficiente dos recursos públicos.