O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (23) que a economia brasileira enfrenta "enormes desafios", mas insiste que o país segue em crescimento. Em tom otimista, o petista declarou: "Fizemos muito, e ainda temos muito a fazer. Estamos colhendo os frutos do nosso trabalho, mas é preciso continuar plantando".

A declaração ocorre após a aprovação de um pacote fiscal no Congresso, marcado por ajustes que reduziram a expectativa de economia. Segundo o Ministério da Fazenda, as medidas inicialmente previstas para gerar R$ 71,9 bilhões até 2026 foram desidratadas, e agora estima-se que poupem apenas R$ 69,8 bilhões.

Apesar do discurso positivo, os números reais mostram um cenário preocupante. O boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, revelou aumento nas expectativas de inflação para 2025, passando de 4,60% para 4,84%, muito acima da meta de 3%. A previsão para a taxa Selic, principal ferramenta de controle da inflação, subiu para 14,75% em 2024, refletindo a dificuldade de controlar os índices econômicos.

Os "frutos" que Lula menciona contrastam com o aumento do custo de vida, que penaliza principalmente a classe média e os trabalhadores. A alta da inflação e dos juros demonstra que a política econômica do governo não tem conseguido aliviar o impacto sobre a população.

Enquanto o presidente segue apostando em metáforas agrícolas e promessas de um futuro promissor, os desafios fiscais e econômicos do país se acumulam, com medidas paliativas que não atacam a raiz dos problemas estruturais. Para o cidadão comum, o discurso de "colheita generosa" soa distante diante da realidade de um mercado enfraquecido e uma carga tributária que continua sufocando o empreendedorismo e a geração de empregos.