Com a saúde pública de Cuiabá em uma crise sem precedentes, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) esperam que a nova gestão do prefeito eleito, Abilio Brunini, traga mudanças significativas. Em meio a filas de espera intermináveis, falta de medicamentos essenciais e uma infraestrutura precária, pacientes afirmam que não suportam mais a situação e desejam melhorias urgentes.
Em 2022, servidores e médicos da capital já haviam procurado o Ministério Público para denunciar problemas graves, como a escassez de medicamentos básicos, incluindo analgésicos comuns como a dipirona, além de estruturas inadequadas para atender os pacientes com dignidade. Segundo as denúncias, apenas 26 dos 175 itens essenciais requisitados pelas unidades de saúde estão disponíveis, uma cobertura que não chega a 15% do necessário.
Relatos de pacientes
Maria da Silva, de 64 anos, que sofre de hipertensão, descreveu a sua última experiência na UPA como "desumana". Após esperar mais de três horas para ser atendida, Maria conta que o médico mal olhou para ela antes de a encaminhar para a sala de medicação.
"Fico torcendo para que o Abilio mude isso. Nós, pacientes, não aguentamos mais ser tratados como números. Precisamos de atendimento de verdade", desabafa.
Outro caso é de João, de 45 anos, que está há dois anos na fila para conseguir atendimento com um neurologista. “Estou sofrendo com dores, e a única coisa que dizem é para continuar esperando. Não dá mais para viver assim. Espero que a nova gestão faça algo para resolver essa demora absurda", afirmou João, enfatizando que a saúde deveria ser prioridade.
A situação das instalações de saúde da cidade também gera indignação entre os usuários. Carla Fernandes, de 32 anos, relata que o descaso estrutural no posto de saúde do bairro onde mora é desumano, as vezes nem papael higiênico tem no banheiro. "Quando se entra lá, é sujeira para todo lado", disse Carla, que espera que a administração de Abilio possa trazer recursos para melhorar as condições desses locais.
Em um episódio registrado em uma UPA, um paciente desmaiou na sala de espera enquanto aguardava por atendimento. A cena, gravada por outras pessoas presentes, ilustra o desespero de quem depende do SUS. "Estamos morrendo esperando. A saúde pública precisa mudar, e espero que esse novo governo tenha coragem de fazer o que é certo", declarou José Ribeiro, outro paciente que assistiu à cena.
Servidores Também Esperam Mudança
Os próprios profissionais da saúde relatam dificuldades para trabalhar sem os recursos necessários. Uma funcionária do Programa de Saúde da Família contou que, às vezes, a unidade recebe uma quantidade irrisória de dipirona, que não é suficiente para uma semana de atendimentos.
“Sem remédios e sem estrutura, nosso trabalho se torna impossível. Esperamos que essa nova gestão nos dê condições de atender bem a população, porque do jeito que está não tem como continuar", afirmou a servidora, que preferiu não se identificar.
O apelo final
Os cidadãos de Cuiabá aguardam com expectativa que a administração de Abilio Brunini transforme o cenário desolador da saúde pública na capital. Com relatos de falta de medicamentos, longas filas, atendimento deficiente e instalações degradadas, os usuários do SUS clamam por uma gestão que priorize o bem-estar e a dignidade dos pacientes.
“Se a nova gestão não resolver isso, não sei mais o que será de nós”, finaliza Maria, com esperança de que, finalmente, a saúde de Cuiabá receba a atenção que merece.
