A Caramuru Alimentos anunciou que irá revisar seus balanços financeiros de 2021 a 2023 após a descoberta de indícios de pagamento de propina no valor de R$ 6,2 milhões a um fiscal da Receita Federal.
A investigação interna da empresa identificou que os pagamentos teriam ocorrido em quatro operações para evitar autuações relacionadas ao recolhimento de PIS/Cofins.
A informação foi divulgada através de um fato relevante publicado no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A descoberta do esquema levou ao desligamento de três funcionários da companhia, sendo dois deles diretamente envolvidos e um indiretamente.
A Caramuru, que mantém sua classificação na CVM como "Categoria A" para emissão de títulos, afirmou que cabe à CVM decidir os próximos passos da investigação nas esferas criminal e cível. A empresa, no entanto, não revelou os nomes dos envolvidos por questões éticas.
As suspeitas surgiram durante um processo de auditoria interna em que a consultoria Deloitte recebeu uma denúncia anônima sobre a gestão tributária da empresa.
No curso da investigação, mensagens entre funcionários da Caramuru e o fiscal da Receita Federal foram encontradas, sugerindo que a empresa teria sido alvo de extorsão.
Após apuração aprofundada, foi constatado que pagamentos indevidos ocorreram entre 2014 e 2017.
Com a revelação, a Deloitte decidiu não auditar os balanços da empresa referentes a 2023, o que motivou a Caramuru a contratar um novo auditor, a Ernst & Young.
A companhia justificou a mudança afirmando que a decisão foi tomada por "boas práticas de governança corporativa".
Apesar das investigações e das medidas adotadas, o presidente do Conselho de Administração, Gustavo Loyola, reforçou o compromisso da Caramuru com a transparência.
O diretor-presidente, Marcus Thieme, afirmou que a empresa continua apresentando resultados financeiros positivos, com lucro em 2024 superior ao de 2023 e uma situação de caixa robusta, com mais de R$ 2,5 bilhões disponíveis.
A Caramuru, que atua há mais de 60 anos no agronegócio brasileiro, opera nos estados do Amapá, Goiás, Pará, Paraná, Mato Grosso e São Paulo.
A empresa é conhecida por sua marca Sinhá, além de fornecer insumos para indústrias de alimentos, cervejarias e mineração.
O impacto das investigações nos balanços financeiros e na imagem da companhia ainda está por ser totalmente dimensionado.