O escândalo contábil da Americanas, que abalou o mercado financeiro e expôs um rombo de mais de R$ 20 bilhões, ganha um novo e explosivo capítulo com a delação premiada de Fábio Abrate, ex-diretor Financeiro e de Relações com Investidores da empresa. Em seu depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), Abrate acusa diretamente os bancos Itaú e Santander de terem conhecimento — e supostamente ajudado a encobrir — parte das fraudes contábeis que levaram à derrocada da varejista.
De acordo com informações divulgadas nesta terça-feira (1º.04) pela coluna de Lauro Jardim, de O Globo, Abrate afirmou que os bancos ocultaram intencionalmente informações sobre o chamado “risco sacado” — um tipo de operação financeira que antecipava pagamentos a fornecedores, mas que era usada pela empresa para maquiar dívidas nos balanços.
Segundo o ex-diretor, o relacionamento com o Itaú envolvia “altos executivos” da instituição, com os quais a Americanas negociava diretamente. O teor completo da delação ainda está sob sigilo, mas fontes próximas ao caso indicam que os relatos de Abrate devem acirrar ainda mais o embate jurídico entre a varejista, credores e ex-gestores.
Abrate é o terceiro ex-executivo da Americanas a firmar acordo de colaboração com o MPF. Antes dele, Flávia Carneiro e Marcelo Nunes — ambos também ex-diretores da companhia — já haviam fechado delações no âmbito das investigações que apuram o maior escândalo corporativo da história recente do Brasil.