O tribunal do júri do Rio de Janeiro condenou, nesta quinta-feira (31), Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. Lessa foi sentenciado a 78 anos, 9 meses e 30 dias de prisão, enquanto Élcio recebeu uma pena de 59 anos, 8 meses e 10 dias. Ambos deverão cumprir suas penas em regime fechado e foram negados os pedidos para recorrer em liberdade.
Além da pena de prisão, os condenados foram obrigados a pagar uma indenização por danos morais no valor total de R$ 706 mil. O montante será dividido entre as famílias das vítimas: Arthur (filho de Anderson), Ágatha (esposa de Anderson), Luiara (filha de Marielle), Mônica (viúva de Marielle) e Marinete (mãe de Marielle). Também foi determinado o pagamento de uma pensão para o filho de Anderson, até que ele complete 24 anos.
A sessão foi encerrada às 18h30 no 4º Tribunal do Júri e seguiu um rigoroso protocolo para garantir a integridade do julgamento. Os jurados foram isolados durante a noite anterior para evitar influências externas.
Durante os debates, o promotor Fábio Vieira descreveu Lessa e Élcio como “sociopatas”, ressaltando que suas confissões não vieram de arrependimento, mas sim pela busca de benefícios. Ele também destacou que os réus receberam treinamento com recursos públicos para o manejo de armas, o que aumentou a gravidade de suas ações.
A defesa dos réus tentou minimizar suas participações nos crimes. O advogado de Lessa, Saulo Carvalho, reconheceu a condenação, mas pediu que fosse feita de maneira justa, alegando que não havia provas suficientes que ligassem Lessa a motivações políticas. Já a advogada de Élcio, Ana Paula, argumentou que ele apenas dirigia o carro e não tinha conhecimento das intenções de Lessa.
O caso dos mandantes do assassinato de Marielle, identificados como os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, está sendo tratado separadamente no Supremo Tribunal Federal (STF). Eles negam qualquer envolvimento, mas as investigações indicam que o assassinato foi motivado por interesses políticos e econômicos, incluindo nomeações para cargos públicos e a regularização de áreas controladas por milícias.
A juíza Lucia Glioche, ao proferir a sentença, enviou uma mensagem a possíveis criminosos: “A sentença não responde à pergunta: quem matou Marielle? Porém, se dirige aos acusados e aos vários Ronnies e Élcios que existem na cidade do Rio de Janeiro.”