O abastecimento de água em Várzea Grande enfrenta uma crise agravada pelo sucateamento do Departamento de Água e Esgoto (DAE), com problemas estruturais nas bombas, adutoras rompidas e processos administrativos falhos. Além disso, furtos de fiação elétrica em poços têm comprometido ainda mais a distribuição de água, ampliando o sofrimento da população. Diante desse cenário, a prefeita Flávia Moretti (PL) iniciou medidas para viabilizar uma das principais promessas de sua campanha: a privatização do DAE.
As Estações de Tratamento de Água (ETAs) da cidade operam com grandes dificuldades. A ETA III (Cristo Rei) está completamente paralisada devido à falha nas bombas que captam água do rio Cuiabá, com previsão de retomada das operações apenas em dois dias. A ETA I (Ulisses Pompeu de Campos) também está fora de funcionamento por conta da manutenção de uma adutora rompida na rua Maracanã, enquanto a ETA II (Júlio Campos) opera com apenas metade de sua vazão, após um dos bombeadores apresentar problemas técnicos. Já a ETA IV (Barra do Pari/Chapéu do Sol) está operando com restrições devido ao rompimento de outra adutora, prejudicando o abastecimento na região do Florais.
Para minimizar os impactos no abastecimento, a ETA II está direcionando sua produção para garantir o fornecimento de água ao Pronto-Socorro e Hospital Municipal de Várzea Grande (PSHMVG). A única unidade que opera sem intercorrências é a ETA V (Imigrantes), que atende as áreas cobertas pelo Sistema V.
O diretor-presidente do DAE, Sandro Azambuja, reconhece os desafios enfrentados e atribui a crise à falta de manutenção ao longo dos anos. Segundo ele, diversos processos administrativos essenciais, como licitações para compra de materiais e serviços, estão vencidos ou próximos do vencimento. A equipe do DAE trabalha para agilizar essas questões, garantindo os investimentos necessários para recuperar a estrutura do sistema de abastecimento.
Além dos problemas operacionais, furtos de fiação elétrica têm agravado a crise. Na madrugada do dia 3 de fevereiro, criminosos furtaram toda a fiação de energia do poço 81, localizado na Avenida São Gonçalo, no bairro Jardim das Oliveiras. Com isso, moradores de bairros como Jardim das Oliveiras, Planalto Ipiranga, Ipanema, Engordador e São João foram diretamente afetados e estão sem abastecimento regular.
Diante desse cenário crítico, a prefeita Flávia Moretti decretou a implementação do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), um mecanismo que visa viabilizar a privatização do DAE por meio de concessões e terceirizações. A medida foi oficializada no Diário Oficial no dia 28 de janeiro. A privatização do serviço de água e esgoto foi um dos principais compromissos de campanha da prefeita, que inicialmente havia anunciado a assinatura do decreto no início de fevereiro, mas optou por aguardar o retorno das atividades da Câmara Municipal, previsto para o dia 18 deste mês.
O PMI permite que a administração pública solicite estudos, projetos e levantamentos para estruturar Parcerias Público-Privadas (PPPs) ou outras formas de concessão. O processo pode ser iniciado pelo próprio poder público ou por interessados externos, que devem submeter requerimentos ao Gabinete da Prefeita. Um Conselho Gestor avaliará as propostas e poderá utilizá-las em um eventual processo licitatório para contratação de serviços ou obras.
Enquanto a privatização ainda está em fase inicial, a equipe do DAE segue tentando normalizar o abastecimento de água na cidade, realizando manutenções emergenciais e buscando alternativas para acelerar a reposição de equipamentos. A população pode acompanhar atualizações sobre o abastecimento por meio dos canais oficiais do departamento e registrar reclamações no site ou presencialmente na unidade localizada em frente ao Terminal André Maggi.
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