O feminicida Carlos Alberto Gomes Bezerra, de 59 anos, voltou a solicitar à Justiça a permanência em prisão domiciliar, desta vez por 30 dias, alegando necessidades médicas.
A cirurgia de cataratas do réu está marcada para a próxima terça-feira (19) em um hospital privado de Cuiabá.
No entanto, o Ministério Público Estadual (MPE) já manifestou parecer contrário ao pedido, apontando tentativa de obter privilégios indevidos.
Bezerra é acusado pelo feminicídio da ex-companheira Thays Machado, de 44 anos, e do namorado dela, William Cesar Moreno, de 30.
O crime, ocorrido em janeiro de 2023, foi executado com tiros em via pública, motivado por ciúmes.
O réu encontra-se preso na Penitenciária Ahmenon Lemos, em Várzea Grande, aguardando julgamento pelo Tribunal do Júri.
Segundo o promotor Jaime Romaquelli, a defesa de Bezerra tenta atrasar o processo com recursos judiciais e apelos por benefícios.
Ele lembrou que o réu, mesmo em prisão domiciliar anterior, desrespeitou as condições impostas, sendo flagrado circulando pela cidade com seguranças armados.
A defesa anexou ao processo declarações médicas que apontam a necessidade de repouso em ambiente limpo e controlado após a cirurgia, condições que, segundo eles, não são atendidas no presídio.
O advogado Francisco Faid citou irregularidades na penitenciária, como infestação de ratos e insetos, constatadas em vistoria do Conselho Penitenciário de Mato Grosso.
O MP, por outro lado, argumentou que a cirurgia de cataratas é um procedimento simples e que o presídio pode oferecer condições mínimas para a recuperação do réu.
“Nada impede que o preso promova a limpeza da própria cela, garantindo higiene adequada”, sugeriu Romaquelli.
Como alternativa, o MP propôs a transferência para presídios com maior infraestrutura, como a PCE (Cuiabá) ou a unidade de Mata Grande, em Rondonópolis.
Bezerra é filho do ex-governador e ex-senador Carlos Bezerra, e sua prisão trouxe à tona discussões sobre privilégios no sistema judiciário.
O promotor Romaquelli ressaltou que a ação penal caminha para o júri popular, atrasada apenas pelas manobras da defesa.
“Após cometer dois homicídios, o réu acredita estar acima da lei. Esse pedido de prisão domiciliar é mais uma tentativa de escapar das consequências de seus atos”, afirmou o promotor.
O caso tem atraído grande atenção da opinião pública em Mato Grosso, refletindo debates sobre impunidade e privilégios no sistema de justiça penal.