A Justiça do Chile rejeitou o recurso apresentado pelo Ministério Público no início desta semana e manteve a decisão de absolver o empresário Rodrigo Del Valle Mijac, acusado da morte da modelo brasileira Nayara Vit em julho de 2021. A decisão foi confirmada pelos ministros Mario Rojas e Marissol Rojas, e pelo advogado Manuel Luna, da sexta sala do Tribunal de Apelações de Santiago, na segunda-feira (28).
O recurso buscava anular a absolvição concedida em julgamento no Tribunal Oral de Santiago no dia 15 de julho, onde a sentença final foi emitida com dois votos favoráveis e um contrário à decisão. Na análise dos juízes, foi apontada "falta de provas" como base para a absolvição. Testemunhas e perícias foram desconsideradas, com o tribunal alegando que as evidências apresentadas poderiam estar comprometidas por conta da coleta realizada dias após o ocorrido.
Nayara morreu após cair do 12º andar do prédio onde morava com Rodrigo, no município de La Condes, região metropolitana de Santiago. No momento do incidente, Rodrigo foi preso preventivamente e denunciado por feminicídio, com o Ministério Público solicitando uma pena de 20 anos de prisão.
Conforme relatos de familiares, o casal teria discutido após um jantar naquela noite. Segundo Sérgio Puga, primo da vítima, Rodrigo afirmou à família que Nayara teria se jogado da sacada após a discussão. Entretanto, a babá da filha de Nayara, que tinha quatro anos na época, relatou ter ouvido gritos e o barulho de um vaso caindo momentos antes da fatalidade.
Eliane Vit, mãe de Nayara, contesta a atuação das autoridades e as decisões judiciais. Segundo Eliane, uma série de falhas marcaram o caso desde o início. "A polícia chegou ao local após vizinhos escutarem pedidos de socorro e encontraram Nayara já sem vida. Não cumpriram o protocolo para mortes violentas: não recolheram testemunhos, não fizeram perícia, sequer entraram no apartamento de onde supostamente ela caiu”, afirmou.
Além dos questionamentos sobre a atuação policial, Eliane destacou falhas da Polícia de Investigações do Chile (PDI), do Instituto Médico Legal (IML) e da Fiscalía Regional Metropolitana Oriente. Para ela, essas deficiências contribuíram para a decisão de absolver Rodrigo, ao desconsiderar depoimentos e provas recolhidas posteriormente.
Inconformada, Eliane afirmou que recorrerá à Justiça internacional. "Recebemos essa decisão com indignação, pois acreditamos que a sentença já estava definida antes do julgamento. Pretendemos levar o caso às Cortes internacionais para buscar justiça", assegurou.