Foto: Mayke Toscano

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), manifestou forte indignação contra a decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) que restabeleceu o direito de visitação da esposa de Sandro Silva Rabelo, o “Sandro Louco”, um dos chefes da organização criminosa Comando Vermelho (CV) no estado. Para Mendes, a medida representa um retrocesso no combate ao crime organizado e enfraquece as ações do programa Tolerância Zero, que visa desarticular facções e endurecer punições.

“Essas pessoas estão presas porque cometeram crimes e causaram prejuízos à sociedade. O Estado tem que tratá-las de forma diferenciada para garantir que sirvam de exemplo e inibir outros de seguir pelo mesmo caminho”, disparou o governador nesta terça-feira (4). Ele criticou a concessão do direito a visitas íntimas e defendeu que presos, principalmente chefes de facções, não podem manter qualquer privilégio dentro do sistema carcerário.

O governador reiterou que o sistema prisional deve garantir o básico para os detentos, mas que a permissão para visitas extraordinárias, como no caso de Thaisa Souza de Almeida, esposa de Sandro Louco, é um erro grave. "Não é possível que um condenado, que já teve a pena somada a 173 anos de prisão e continua comandando crimes de dentro da cadeia, tenha qualquer direito que não seja o cumprimento rigoroso da sua pena."

A revolta do chefe do Executivo mato-grossense se soma às ações que o governo vem implementando por meio do Tolerância Zero, que busca acabar com regalias de presos ligados a facções e reforçar a fiscalização dentro das penitenciárias. "Não faz sentido o Estado lutar diuturnamente contra o crime organizado, enquanto decisões como essa favorecem aqueles que deveriam estar totalmente isolados de qualquer contato com o mundo externo."

O caso de Sandro Louco exemplifica a preocupação do governo. O criminoso, mesmo recluso na Penitenciária Central do Estado (PCE), continua exercendo controle sobre o CV em Mato Grosso. Investigações da Polícia Civil revelaram que, através de sua esposa, ele repassava ordens e organizava operações da facção.

Conversas interceptadas em um celular apreendido mostraram Thaisa informando sua localização enquanto transportava armas a mando do marido. A mulher chegou a ser presa em uma operação contra lavagem de dinheiro, mas recebeu o benefício da prisão domiciliar por ter filhos menores de 12 anos sob sua guarda.

O Ministério Público Estadual (MPE) entrou com um Agravo de Execução Penal questionando a decisão da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, que concedeu as visitas extraordinárias. No entanto, a 1ª Câmara Criminal do TJMT rejeitou o pedido do MPE e manteve o direito de visitação em 28 de janeiro.

Apesar da contrariedade, Mauro Mendes reforçou que, como governador, respeitará as decisões judiciais, mas deixou claro que não se calará diante do que considera uma flexibilização inaceitável. "Na condição de chefe do Executivo, vamos cumprir a lei. Mas como cidadão, tenho o direito de discordar e de expressar minha indignação".

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