O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), manifestou apoio ao chefe do Ministério Público Estadual, Deosdete Cruz Júnior, após as declarações polêmicas do procurador-geral sobre o papel de alguns advogados no sistema prisional, o que gerou forte repúdio da OAB-MT.

 

Mendes considerou a reação da entidade de classe como "desproporcional".

 

Durante o lançamento do programa estadual Tolerância Zero ao Crime Organizado, realizado no Palácio Paiaguás, Deosdete afirmou que advogados que atuam em defesa de faccionados, por vezes, funcionam como "pombos-correios do crime".

 

Ele também sugeriu que as conversas entre advogados e clientes fossem gravadas, uma ideia que gerou forte oposição da OAB.

 

“A advocacia como classe não foi atacada. O que o procurador disse é que alguns profissionais cometem crimes, assim como acontece em qualquer categoria. O foco da fala foi nos maus advogados, que abusam da profissão para facilitar atividades ilícitas”, disse Mendes nesta quarta-feira (27).

 

A Ordem dos Advogados do Brasil, representada por sua presidente, Gisela Cardoso, repudiou a sugestão de gravação de conversas entre advogados e clientes.

 

Segundo ela, essa prática violaria o sigilo garantido pela Constituição. “O sigilo advogado/cliente é absoluto e inegociável. Esse tipo de sugestão fere os direitos fundamentais do cidadão”, afirmou Cardoso.

 

A polêmica levou a OAB a protocolar uma interpelação judicial contra Deosdete Cruz Júnior na última terça-feira (26).

 

O governador, por sua vez, defendeu que o debate seja ampliado, enfatizando que "os bons profissionais não devem ser confundidos com aqueles que cometem crimes".