Em uma reunião realizada nesta quinta-feira (31) no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu governadores, ministros e parlamentares para discutir a segurança pública no Brasil. Durante o encontro, Lula fez um alerta preocupante sobre o aumento do crime organizado e sua capacidade de infiltração nas instituições governamentais.
“O crime organizado hoje não é mais o bandido comum que a gente estava habituado a lidar. Hoje é uma organização poderosa, envolvida em todos os setores da sociedade, inclusive a nível internacional”, afirmou Lula, enfatizando a necessidade de uma resposta unificada e coordenada entre os diferentes níveis de governo.
O presidente convocou os presentes para debater uma proposta de emenda à Constituição que visa reformular o regime de segurança pública do país. Sob a coordenação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a proposta foi introduzida como parte de um esforço para criar um pacto federativo que una todos os poderes da Federação no combate ao crime.
Lula expressou sua preocupação com a possibilidade de que o crime organizado comece a influenciar concursos públicos, mencionando que, em um futuro próximo, as organizações criminosas poderiam indicar juízes, procuradores e até políticos. “Isso é quase incontrolável se a gente não montar um pacto federativo que contemple todos os poderes da Federação, envolvidos direta e indiretamente nisso”, advertiu.
A reunião contou com a participação de governadores de diversos partidos, incluindo opositores como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás. Lula ressaltou que não se espera resolver todos os problemas de segurança pública em um único encontro, mas sim abrir um espaço para um diálogo contínuo.
“O que a gente nota, efetivamente, é que o crime organizado está crescendo, as organizações nas cadeias estão crescendo. A gente ouve falar do Comando Vermelho, do PCC, e eles estão em quase todos os estados, disputando eleições, elegendo vereador e, quem sabe, indicando pessoas para utilizar cargos importantes nas instituições brasileiras”, concluiu o presidente.
A proposta discutida durante a reunião visa, entre outras mudanças, dar status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), implementado em 2018. O projeto também propõe uma maior integração entre União, estados e municípios na formulação e execução de políticas de segurança pública. Além disso, as competências da Polícia Federal serão atualizadas para permitir o combate a crimes ambientais, organizações criminosas e milícias privadas com atuação interestadual, enquanto a Polícia Rodoviária Federal (PRF) terá suas atribuições ampliadas para incluir o policiamento em ferrovias e hidrovias federais.
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