Após o anúncio de um pacote de cortes de gastos considerado insuficiente para garantir o cumprimento das regras fiscais, a reprovação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva no mercado financeiro chegou a 90%, segundo pesquisa da Genial/Quaest.
O levantamento, realizado entre 29 de novembro e 3 de dezembro, entrevistou 105 gestores, economistas e analistas do mercado financeiro. A reprovação atingiu o mesmo patamar registrado em março, início do terceiro mandato do presidente.
Apesar das medidas de contenção anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como a restrição do pagamento do abono salarial e mudanças na Previdência dos militares, 58% dos entrevistados avaliaram o pacote como insatisfatório.
Além disso, 100% consideram que o arcabouço fiscal, substituto do teto de gastos, carece de credibilidade. Para a maioria, as regras de gastos só serão sustentáveis entre 2025 e 2026.
A insatisfação do mercado com o governo cresceu de forma consistente ao longo do ano. Em março, a reprovação estava em 64% e, em julho, caiu para 44%, momento de melhor avaliação.
No entanto, desde então, a rejeição voltou a subir, atingindo o pico novamente. Atualmente, apenas 3% dos entrevistados avaliam o governo como positivo, e 7% como regular.
Entre as medidas que geraram maior resistência está a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para rendas de até R$ 5.000.
A decisão é vista por 85% dos entrevistados como prejudicial à economia, indo na contramão dos esforços de contenção de despesas.
Para compensar, o governo propôs uma alíquota mínima de 10% de IR para quem ganha mais de R$ 50 mil mensais, mas a medida também enfrenta ceticismo.
O pacote inclui ações como o fim da transferência de pensão militar e da chamada “morte fictícia”, que têm apoio de 88% dos entrevistados por serem consideradas favoráveis à regra de gastos.
No entanto, o mercado questiona a eficácia das medidas no curto prazo.
A avaliação do trabalho de Fernando Haddad também registrou queda. Em março, 50% viam o desempenho do ministro como positivo, número que agora caiu para 41%.
A avaliação negativa subiu de 12% para 24%, enquanto 35% consideram o desempenho regular.
O cenário reforça os desafios do governo em reconquistar a confiança do mercado, essencial para estabilizar a economia.
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