Por Thiago Pacheco*
Desde 2022, com a aprovação da PEC da transição, onde se aprovou um gasto equivalente a 2% do PIB (aproximadamente R$ 200 bilhões), obrigando o Governo a se dedicar em projetos de aumento de impostos e receitaem 2023, com propósito de não estourar o déficit primário no primeiro ano no governo, o Brasil se vê em uma grande balbúrdia.
O país está em uma tremenda encrenca, a contar estratégias mal formuladas pelo governo gerando insucessos em várias frentes, inclusive a reforma tributária recém votada.
Iniciando pelo afrouxamento das metas fiscais, deixando-as menos criveis, além dos constantes questionamentos do arcabouço fiscal e de expectativas desancoradas no que tange a inflação. Com tais perspectivas, a taxa neutra de juros (taxa de juros que mede a inflação constante) no ano já vem registrando 5,8% ao ano, a contar a inflação de 4%. Diante desse cenário, com propósito de manter uma política contracionista, para que se leve a inflação para a meta, a taxa SELIC não terá condições de deixa sua posição em dois dígitos neste ano e, muito provavelmente, em 2025, o que se justifica a posição do Copom mantendo a taxa em 10,5%.
Com isso aumenta a cada dia a falta de sustentabilidade do arcabouço fiscal, as fracassadas estratégias de aprovação das MP’s para aumento impostos, com propósito de financiar gastos, demonstram o esgotamento no assunto. Vinculações como o aumento real do salário mínimo, piso de remuneração da previdência social, e das despesas com educação e saúde, faz com que os discricionários não sejam comprimidos pelos gastos obrigatórios, o que resulta na inviabilização do orçamento público.
Ainda falando da SELIC, após os afrouxamentos das metas de superávit primário, Copom por 5 votos a 4 (placar extremamente dividido) decidiu reduzir em 0,25 pontos percentuais, sendo mais conversador frente a 0.5 p.p. indicado pelo Governo.
Outros pontos que colocam a gestão de nosso país numa posição fragilizada podemos citar, afrontas aos parlamentares com médias aprovadas que foram vetadas pelo presidente, e vetos que foram derrubados pelo Congresso, demonstrando forte desalinhamento entre os poderes, cancelamento o leilão para a importação do arroz, devido a indícios de corrupção, dólar voltando a ultrapassar R$ 5,50, à contar a reação do próprio executivo, com o adiamento da MP 1227, que proibia a utilização de PIS/COFINS para pagamento de impostos, o que gerou grande repercussão junto ao empresariado, levando o presidente do Congresso devolver a proposta ao Governo sem colocá-la em votação.
Diante do cenário, desses poucos meses de Governo, nos deparamos com uma verdadeira “Balbúrdia Brasuca”.
*Thiago Pacheco é especialista em finanças, mercado, controladoria, agronegócios e ESG, com mais de 20 anos de indústria financeira, com passagens em grandes bancos com presença internacional, além dos maiores players do agro. Professor e mentor para o mercado financeiro e de capitais, e ainda, fundador e CEO da Elevare Institute.