Por Thiago Pacheco*
A percepção do mercado financeiro com relação a condução econômica vai de mal a pior, a contar os recentes comentários do nosso presidente, tendo a última fala onde indica que irá “vencer” o mercado e fazer a economia “dar certo”, ou ainda a “hipocrisia do mercado” sob os gastos públicos.
Fato é, nossa taxa básica de juros (Selic) obteve novo aumento, e com uma perspectiva de aumentar em mais 0,5 p.p ainda em 2024, frente a queda dos juros americanos, dólar batendo fortes altas, além da recente divulgação das contas públicas, que registram um déficit de R$ 105,2 bi, só este ano, que gera uma forte pressão para entrega dos compromissos fiscais.
Enfim, a última semana já iniciou com o ministro da fazenda Fernando Haddad cancelando sua agenda na Europa para priorizar o pacote de cortes de gastos com foco não só na cobrança forte do mercado, mas também com o cumprimento da meta fiscal, uma frase que se escutou na segunda (4), “o que de tão importante o ministro iria fazer na Europa que focar na economia brasileira”? Que diga-se de passagem está fervilhando. Ponto é, que passada a semana e o tema a respeito do pacote do corte de gastos ainda não finalizou, sem uma apresentação contundente a respeito do tema e, já se nota,que se iniciou um acalorado debate sobre não só gastos nos ministérios, mas que também, que se haja cortes ememendas parlamentares, e no judiciário, afinal, com o novo aumento da Selic, a pressão em se cumprir a meta fiscal está cada vez maior, sem falar que estamos a menos de 60 dias do final do ano.
E falando de Selic, o foco do Copom quanto a recente alta, tanto como a perspectiva de mais um aumento para a próxima reunião do Copom, tem como alvo duas questões, além de estabilizar a inflação, busca um contrle ao aumento dos gastos públicos, para que haja uma disciplina fiscal.
Em análise as altas do dólar, movimentos nos EUA e por aqui contribuíram para a alta. Com a vitória do republicano Donald Trump, após acirrada disputa, iniciaram as perspectivas em torno de suas promessas de campanha para economia americana, incluindo corte de tarifas e impostos, que têm um caráter inflacionário por lá, efeito que vinha elevando os juros pelo Banco Central Americano (Fed – Federal Reserve), com a vitória, o mercado já aguarda uma política monetária mais apertada, o que leva a um aumento dos rendimentos dos Treasuries, o que favorece o dólar. Já nos aspectos internos, a possibilidade do não cumprimento da meta fiscal, e falta de definições do pacote de gastos, vem desvalorizando nossa moeda, e naturalmente elevando a cotação da moeda américa.
Bom, não há dúvidas que os assuntos de cumprimento da meta fiscal e apresentação do pacote dos cortes de gastos, é foco do Governo e não se tem mais espaço em postergar tais definições. Ao longo do ano, observamos os diversos esforços do Governo em majorar a arrecadação, e nem precisamos dizer que foram frustradas, afinal estamos falando do quarto maior país em carga tributária do planeta, então, não há espaço para novas taxas/impostos. Assim, não houve outra forma à não ser cortar gastos públicos, inclusive, numa força do Governo junto aos demais poderes, forçando o legislativo na contenção das emendas parlamentares e no judiciário com os gastos desacerbados, principalmente os supersalários, acima do teto constitucional, como mencionados por uma ala do STF a necessidade de rever “penduricalhos”, em especial nos tribunais de justiça dos estados. O ponto está tão extremo, que já se fala em cortes em ações sociais, educação e saúde inclusive, grandes âncoras da campanha do Governo, além de serem forte bandeiras de seu partido, além da alta pressão na redução de ministérios, principalmente aqueles que se confundem, que poderiam se encontrar sob uma mesma pasta, se subdividindo em temas distintos.
Fica aqui uma análise, se tais medidas fossem tomadas de forma antecipada, e não buscando o aumento da arrecadação, em vias da sobrecarga tributária dos contribuintes, mostraria para o mercado como um todo, incluindo aqui as percepções internacionais, do comprometimento e disciplina governamental para com as contas públicas, e uma busca eficaz ao cumprimento da meta fiscal.
Em meio a tudo isso, em recentes pesquisas da percepção da atual gestão presidencial, os aspectos positivos vêm caindo significativamente, e na mesma vertente os aspectos negativos crescem, como falas ouvidas no mercado “o atual Governo é fraco, inepto e ruim”.
*Thiago Pacheco é especialista em finanças, mercado, controladoria, agronegócios e ESG, com mais de 20 anos de indústria financeira, com passagens em grandes bancos com presença internacional, além dos maiores players do agro. Professor e mentor para o mercado financeiro e de capitais, palestrante, pesquisador, e ainda, fundador e CEO da Elevare Institute.
Orlete 13/11/2024
O atual governo é fraco, inepto e ruim…é a forma como é vista a situação real do caminho seguido e que não mudará, face a incompetência e atitude do governo, do legislativo e do finado judiciário. Quanta aberração com as Emendas, com as decisões judicias e principalmente com o perigo do corte de verbas da saúde, educação e segurança…sinceramente estou desanimada e triste…
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