Durante julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados por tentativa de golpe de Estado, declarações do ministro Luiz Fux e do advogado de defesa do general Braga Netto colocaram sob suspeita a credibilidade da delação premiada de Mauro Cid — peça central nas investigações.
Bolsonaro e seus principais auxiliares agora são oficialmente réus no processo que apura a suposta trama golpista para subverter o resultado das eleições de 2022.
A maior parte das acusações formuladas pela Procuradoria-Geral da República tem como base o conteúdo das delações de Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
No entanto, durante o julgamento, o ministro Luiz Fux fez duras críticas à forma como o material foi obtido e utilizado.
Ele afirmou ver “com grande reserva” o fato de Mauro Cid ter prestado nove delações diferentes, com alterações e complementações sucessivas ao longo do tempo. “Quem tem nove delações no mesmo delator, não tem nenhuma delação”, disse Fux, sinalizando desconfiança sobre a consistência dos relatos.
Além disso, o advogado de Braga Netto, Ney Motta, citou em sua sustentação oral, trechos de gravações telefônicas em que Mauro Cid alega ter sido pressionado por agentes da Polícia Federal durante o processo de delação.
Segundo os áudios, Cid afirmou que os investigadores exigiam que ele contasse uma versão dos fatos alinhada a uma narrativa previamente construída.
“A história não podia ser essa”, teria ouvido dos policiais. Em outro trecho, o militar diz que a narrativa da Polícia Federal “já estava pronta”, e que os agentes buscavam apenas uma confirmação — pressionando-o a dizer o que queriam ouvir.
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