O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou por 26 minutos neste domingo (6), durante o ato em defesa da anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023, na Avenida Paulista, em São Paulo. Ele classificou o tema como “mais importante do que a vida” e afirmou: “Um homem e uma mulher, sem liberdade, não vivem”.
Em cima de um caminhão de som, Bolsonaro criticou o Supremo Tribunal Federal (STF), atacou a esquerda, se defendeu das acusações de tentativa de golpe e disse esperar pressão internacional a favor da anistia. “Tenho esperança também que de fora venha alguma coisa para cá”, afirmou, mencionando o deputado Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos: “Hoje faltou um filho meu aqui. O 03, que fala inglês, espanhol, árabe, tem contato com pessoas importantes do mundo todo”.
O ex-presidente destacou o caso da cabeleireira Débora dos Santos, que escreveu a frase “Perdeu, mané” com batom na estátua da Justiça, em frente ao STF, e pode ser condenada a 14 anos de prisão. “Se a missionária chora pela ausência da filha, imagine a Débora, longe dos dois filhos pequenos”, disse, ao lado da mãe da mulher.
Bolsonaro também ironizou as decisões do STF, citando a condenação de um pipoqueiro e um sorveteiro por tentativa de golpe:
“Só um psicopata para falar que aquilo que aconteceu no dia 8 de janeiro foi uma tentativa armada de golpe militar”, afirmou.
“Popcorn and ice cream sellers sentenced for coups to attack in Brazil”, disse em tom de deboche. “É uma vergonha”.
Mesmo admitindo conversas com militares, ele negou ter iniciado qualquer movimento golpista. “Nem ato preparatório houve. Segundo Alexandre de Moraes e o delegado Fábio Schor, tudo começou numa live. Golpe por live.”
Bolsonaro também voltou a questionar o resultado das eleições de 2022, insinuando interferência do Judiciário para beneficiar Lula (PT). “Quem tirou o Lula da cadeia? Quem o descondenou para ele fugir da Lei da Ficha Limpa?”, disse.
O ex-presidente afirmou que teve sua liberdade de campanha cerceada e não pôde exibir vídeos de Lula sobre temas polêmicos como aborto, segurança e alianças com traficantes. Criticou ainda o incentivo ao alistamento de jovens eleitores: “Foram mais de 4 milhões de novos títulos”.
Sobre a sua saída do Brasil, dois dias antes dos atos de vandalismo em Brasília, Bolsonaro afirmou: “Se eu estivesse aqui, estaria preso ou talvez assassinado. Saí para não ser preso injustamente.”
Ele também defendeu seu ex-assessor Filipe Martins, preso pela PF e acusado de envolvimento na minuta do golpe. Segundo ele, a Justiça americana deve investigar o caso: “Queriam uma delação sob medida. Prenderam o rapaz por seis meses e não conseguiram.”
Ao encerrar o discurso, Bolsonaro adotou um tom mais otimista: disse confiar no povo brasileiro, em Deus e em uma renovação política em 2026.
“Nós temos como sair dessa. E essa multidão aqui é a prova disso. Eles querem nos calar, mas nós continuamos de pé.”
> Click aqui e receba notícias em primeira mão.