De férias em Lisboa, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), participou de um jantar-debate no restaurante Cícero Bistrot, considerado uma “segunda embaixada” dos brasileiros na capital portuguesa. O evento fez parte do lançamento do livro “Por que a democracia brasileira não morreu?”, dos cientistas políticos Marcus André Melo e Carlos Pereira.
Durante o jantar, Gilmar Mendes animou os presentes ao relatar experiências pessoais e compartilhar detalhes dos bastidores do poder em Brasília. O magistrado destacou um encontro que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia. Gilmar contou que foi convidado por Bolsonaro para uma reunião na residência oficial, em um sábado pela manhã. Na época, o então presidente não concordava com as medidas de isolamento e fechamento do comércio impostas por estados e municípios.
“Ele pegava o celular, abria o WhatsApp e me mostrava vídeos,” recordou Gilmar, complementando que Bolsonaro dizia: “Olha só, tem esse cara aqui que vai ter que fechar a lotérica, e não pode.”
O ministro lembrou que, em determinado momento, os assessores saíram da sala e Bolsonaro desabafou, demonstrando grande angústia. “Ele ficou falando sobre como estava difícil, sobre como era atacado, da família, e, lá pelas tantas, se pôs a chorar,” detalhou Gilmar. O ministro disse que Bolsonaro parecia angustiado e que respondeu: “Senhor presidente, a vida é difícil mesmo.”
Jair Bolsonaro confirmou o encontro e admitiu que se emocionou. Ele relembrou que falou da família, da facada que sofreu durante a campanha presidencial e das dificuldades enfrentadas até chegar à Presidência da República. Sobre as medidas de enfrentamento à Covid-19, Bolsonaro afirmou que ressaltou a Gilmar que o governo federal contava com o general Braga Neto para gerenciar a crise pandêmica.
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