Por Mila Schneider-Lavelle*
Na madrugada do dia 6 de dezembro de 2024, Melbourne, frequentemente lembrada por sua vibrante diversidade cultural, foi cenário de um episódio de ódio que abalou profundamente sua reputação. O ataque incendiário à sinagoga Adass Israel, perpetrado por dois homens mascarados, não apenas destruiu parte de uma edificação histórica, mas lançou luz sobre uma questão urgente: o avanço do antissemitismo em um mundo que deveria estar se movendo em direção à tolerância.
Queimar uma sinagoga é muito mais do que destruir tijolos e argamassa. É incendiar o tecido social que sustenta uma comunidade. Ao invadirem o templo em Ripponlea e atearem fogo à sua seção sefardita, os agressores deixaram uma marca indelével não só na estrutura física, mas também nos corações e mentes dos membros da comunidade judaica.
Embora ninguém tenha se ferido fisicamente graças à rápida evacuação, as chamas que consumiram parte do templo simbolizam algo muito mais devastador: a chama crescente do preconceito.
O Crescimento do Antissemitismo
Este ataque não ocorreu no vácuo. A Austrália, como outras nações, tem enfrentado um aumento alarmante de incidentes antissemitas, desde atos de vandalismo até discursos de ódio online. Relatórios indicam que a propagação da desinformação, aliada a tensões políticas globais, tem alimentado esse fenômeno.
Para um país que se orgulha de sua multiculturalidade, aceitar que o antissemitismo cresce em suas fronteiras é desconfortável, mas necessário. Fechar os olhos para a realidade é permitir que ela se enraíze ainda mais.
A resposta da comunidade judaica
A resposta ao ataque foi imediata. Autoridades condenaram o ato, líderes religiosos expressaram solidariedade e o governo prometeu medidas para proteger locais de culto. Essas reações são importantes, mas insuficientes por si só. A indignação momentânea precisa se transformar em ações de longo prazo, como investimentos em educação para a tolerância e punições severas para crimes de ódio.
Mesmo diante da violência, a comunidade judaica demonstrou resiliência. O rabino da sinagoga resumiu isso ao dizer que o ataque “não destruirá nossa fé”. Essa força é inspiradora, mas não deve ser testada repetidamente por um sistema que falha em protegê-los.
Esse ataque deve servir como um alerta para todos, judeus ou não. O antissemitismo é apenas uma faceta do ódio que ameaça dividir nossas sociedades. Hoje é uma sinagoga; amanhã pode ser uma mesquita, uma igreja ou qualquer outro símbolo de identidade comunitária.
A Austrália, assim como o mundo, precisa enfrentar essa realidade com firmeza. É hora de implementar políticas que previnam não apenas ataques físicos, mas também o envenenamento da opinião pública por discursos de ódio.
O Futuro está em nossas mãos
O que aconteceu em Melbourne é um lembrete sombrio de que a intolerância ainda persiste, mesmo nos lugares onde imaginamos estar mais seguros. Mas é também uma oportunidade de reavaliarmos nossas prioridades como sociedade.
Precisamos garantir que todos os cidadãos, independentemente de sua fé ou origem, se sintam protegidos e valorizados. Não podemos permitir que tragédias como essa sejam apenas mais um evento esquecido nas páginas de um jornal. Que sejam, antes, um catalisador para um futuro onde o respeito e a coexistência triunfem sobre o ódio.
*Mila Schneider-Lavelle é especialista em marketing e teologia, além de influenciadora digital com foco em temas internacionais.
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