Um relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelou que o crime organizado obteve uma receita de R$ 56,9 bilhões em 2022 com a fabricação de bebidas falsificadas no Brasil. O montante é 33% superior ao faturamento da Ambev, maior cervejaria do país, que arrecadou R$ 42,6 bilhões no mesmo período, considerando inclusive produtos não alcoólicos.
A estimativa, baseada em dados da Euromonitor International, aponta que 25,7% do mercado brasileiro de bebidas operam na ilegalidade. O cálculo do FBSP utilizou como base a produção nacional registrada pela Pesquisa Industrial Anual do IBGE, expondo um cenário alarmante sobre o alcance das atividades criminosas.
Facções criminosas dominam o mercado ilegal
O relatório aponta que organizações como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho estão entre os principais operadores desse mercado ilegal. Além de fabricar bebidas falsificadas, essas facções utilizam o segmento para lavar dinheiro proveniente de outras atividades ilícitas, como tráfico de drogas e contrabando.
As bebidas falsificadas vão desde cervejas e destilados até refrigerantes, com produtos que imitam marcas renomadas. Essas mercadorias muitas vezes não seguem padrões mínimos de qualidade ou segurança, colocando em risco a saúde dos consumidores.
Impactos na economia e na saúde pública
O impacto da falsificação de bebidas é duplo. Do ponto de vista econômico, o mercado legal sofre com a concorrência desleal, resultando em perda de arrecadação tributária. Estima-se que bilhões de reais deixem de ser recolhidos anualmente em impostos, prejudicando áreas como saúde, educação e segurança pública.
Já no aspecto da saúde, o consumo de bebidas adulteradas pode causar sérios danos. Segundo especialistas, os produtos falsificados frequentemente contêm substâncias tóxicas, como metanol, que podem levar a envenenamentos graves, cegueira e até morte.
Soluções em debate
Especialistas sugerem uma combinação de ações para combater o problema, incluindo o fortalecimento da fiscalização, a criação de programas de educação do consumidor e o uso de tecnologias para rastrear a autenticidade de produtos.
“O mercado ilegal cresce em parte devido à falta de conscientização da população, que não percebe os riscos associados ao consumo de bebidas falsificadas”, afirma um analista do setor de segurança pública.
Cenário preocupante
O relatório do FBSP não apenas evidencia a sofisticação e a lucratividade das operações ilegais no Brasil, mas também revela como o crime organizado diversifica suas fontes de receita para além do tráfico de drogas. A falsificação de bebidas é mais um exemplo de como essas facções criminosas encontram brechas no sistema econômico para expandir sua influência e consolidar seu poder.
Enquanto isso, o mercado legal e a sociedade continuam enfrentando os desafios impostos por um setor paralelo que ameaça tanto a economia quanto a saúde pública.