O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou às redes sociais neste domingo (13/4) para negar que tenha recuado em sua política tarifária ao isentar produtos eletrônicos de taxas que haviam sido anunciadas anteriormente pela Casa Branca.
Em mensagem publicada em sua rede social, a Truth Social, Trump afirmou que “não houve exceção” no tarifaço promovido por seu governo, mas apenas uma mudança de determinados produtos para um “balde tarifário diferente”.
“Ninguém está sendo liberado dos desequilíbrios comerciais injustos e das barreiras tarifárias não monetárias que outros países têm usado contra nós, especialmente a China, que, de longe, nos trata pior! Não houve exceção tarifária anunciada na sexta-feira”, escreveu Trump.
“Esses produtos estão sujeitos às tarifas de 20% sobre o fentanil existentes e estão apenas mudando para um ‘balde’ tarifário diferente. A mídia falsa sabe disso, mas se recusa a relatar”, prosseguiu o presidente dos EUA.
“Estamos analisando semicondutores e toda a cadeia de suprimentos de eletrônicos nas próximas investigações de tarifas de segurança nacional. O que foi exposto é que precisamos fabricar produtos nos EUA e que não seremos reféns de outros países, especialmente nações comerciais hostis como a China, que fará tudo ao seu alcance para desrespeitar o povo americano”, anotou Trump.
Na mensagem publicada pelo presidente norte-americano, ele afirma que os dias de abusos comerciais supostamente praticados por outros países contra os EUA “acabaram”.
“A ‘Era Dourada da América’, que inclui os próximos cortes de impostos e regulamentações, uma quantidade substancial dos quais foi aprovada pela Câmara e pelo Senado, significará mais e melhores empregos, fabricando produtos em nossa nação e tratando outros países, em particular a China, da mesma forma que nos trataram. O resultado final é que nosso país será maior, melhor e mais forte do que nunca”, concluiu Trump.
O que os EUA anunciaram
Na sexta-feira (11/4), a Casa Branca informou que smartphones, computadores, chips e outros eletrônicos ficarão isentos das tarifas comerciais – de 145% sobre os produtos importados da China e 10% aos demais países.
A lista de exceções ao “tarifaço” foi publicada pela US Customs and Border Protection, a alfândega dos EUA.
Além dos celulares, ficam isentos das tarifas laptops, discos rígidos, processadores de computador e chips de memória. Em geral, esses itens não são fabricados nos EUA.
Ainda na lista de produtos excluídos da aplicação das tarifas, aparecem máquinas utilizadas para a fabricação de semicondutores.
A medida do governo Trump, interpretada como um novo recuo do presidente dos EUA na guerra comercial, beneficiará gigantes do setor de tecnologia, como Nvidia, Dell e Apple – que fabrica iPhones e outros produtos na China.
Os eletrônicos representam parte importante do total de importações chinesas para os EUA. No ano passado, os smartphones lideraram o ranking de importados da China para o país, somando US$ 41,7 bilhões.
Em segundo lugar, ficaram os laptops, respondendo por US$ 33,1 bilhões. Os dados são do US Census Bureau, o Departamento de Censos dos EUA.
Novo recuo?
Neste domingo, em entrevista ao programa This Week, exibido pela ABC, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, já havia afirmado que a isenção dos eletrônicos poderia ser temporária.
Segundo o auxiliar de Trump, as tarifas sobre os produtos eletrônicos importados de outros países podem ser retomadas em até 2 meses.
“O que ele [Trump] está fazendo é dizer que esses produtos estão isentos das tarifas recíprocas. Mas eles estão incluídos nas tarifas de semicondutores, que provavelmente entrarão em vigor em um mês ou dois”, disse o secretário de Comércio.
Questionado se, na prática, os eletrônicos poderiam ser novamente taxados, Lutnick respondeu: “Correto. É isso mesmo. Precisamos de nossos medicamentos e precisamos que semicondutores e nossos eletrônicos sejam fabricados na América”.