O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho (União), declarou-se contrário à instalação de câmeras em fardas de policiais militares, uma medida que vem sendo discutida em diversas partes do Brasil.
Durante coletiva de imprensa na última quarta-feira (11), Botelho argumentou que o equipamento pode comprometer a eficiência no combate ao crime organizado.
“As câmeras vão ter que ser colocadas, é indiscutível. A tecnologia acaba vindo, vem devagar e um dia terá que ser colocada. Mas, enquanto nós pudermos segurar, nós vamos segurar”, afirmou o parlamentar, defendendo que o momento atual não é adequado para a implementação dessa medida em Mato Grosso.
Preocupações com Estratégias Policiais:
Segundo Botelho, o uso de câmeras pode "inibir" os policiais no momento de confrontar criminosos, criando uma barreira entre as ações estratégicas e a percepção pública.
"Às vezes o policial precisa fazer um enfrentamento com os bandidos e recua, porque acaba ficando com medo da câmera trabalhar contra ele e da reação dele ser mal interpretada", explicou.
O deputado compartilha da mesma opinião do governador Mauro Mendes (União), que também se manifestou contra a medida nesta semana, classificando-a como uma “hipocrisia” que não contribui para a segurança pública.
Mendes argumentou que as câmeras não são a solução para problemas como roubos e homicídios, ressaltando o risco de "inversão de valores" no debate sobre segurança pública.
A Guerra Contra as Facções:
Botelho enfatizou que Mato Grosso está em uma batalha intensa contra facções criminosas, o que exige liberdade de ação por parte dos policiais.
Segundo ele, limitar as operações por medo de má interpretação dos vídeos comprometeria os esforços estaduais no enfrentamento ao crime organizado
As declarações reacenderam o debate sobre o equilíbrio entre transparência nas operações policiais e a segurança dos agentes em serviço.
Especialistas dividem opiniões sobre o uso de câmeras: enquanto alguns defendem que o equipamento pode reduzir abusos de autoridade, outros alertam para o impacto negativo nas ações em campo.