Uma operação desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Rondônia (MP-RO) na sexta-feira (7) culminou na prisão preventiva de três policiais militares e outras seis pessoas. Eles são suspeitos de envolvimento em um esquema criminoso de empréstimos ilegais e extorsão que afetou diversas vítimas em Rondônia e em outros cinco estados.
Ao todo, 17 pessoas estão sendo investigadas por sua participação na organização criminosa, sendo seis delas policiais militares. Nomes dos envolvidos não foram divulgados. A operação também cumpriu 42 mandados de busca e apreensão em cidades de Rondônia, Goiás, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais e Acre.
Durante a ação, denominada Soldados da Usura, a Justiça de Rondônia determinou o bloqueio de mais de R$ 73 milhões em bens dos investigados, incluindo imóveis, cotas de empresas e veículos de luxo. A investigação revelou que, para ocultar a origem dos lucros ilícitos, os suspeitos chegaram a construir uma draga de extração de ouro no Rio Madeira.
As investigações tiveram início a partir de uma denúncia feita à Corregedoria-Geral da Polícia Militar de Rondônia, apontando a prática de crimes de usura (cobrança de juros abusivos) e extorsão envolvendo policiais militares. De acordo com o MP-RO, os suspeitos ofereciam empréstimos a juros ilegais, utilizando violência e até mesmo ameaças com armas de fogo. Caso as vítimas não pagassem, os criminosos se apropriaram de bens delas.
Além dos crimes de usura e extorsão, o grupo é investigado por outros delitos como lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica, que seguem sendo apurados. O MP-RO identificou um grande número de vítimas que caíram nas mãos da organização. Para ajudar nas investigações, a instituição disponibilizou um formulário para que outras vítimas possam se identificar e contribuir com a apuração.
Em nota, a Polícia Militar de Rondônia afirmou que a operação foi realizada em estreita colaboração com o Ministério Público e que adota uma postura de "tolerância zero" com desvios de conduta. "A atuação da Corregedoria reflete um dos eixos prioritários da instituição, que é a intolerância ao crime violento e ao desvio de conduta, bem como o compromisso de proteger o cidadão e garantir que a atuação dos policiais militares esteja alinhada com os princípios de legalidade e moralidade", declarou a corporação.