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DANIELLE BARBATO Quinta-feira, 28 de Dezembro de 2023, 19:29 - A | A

Quinta-feira, 28 de Dezembro de 2023, 19h:29 - A | A

Por Danielle Barbato

O caso Choquei e a revelação da banca digital destruidora de reputações

Por Danielle Barbato 

Nesta semana, o Brasil acompanhou o drama de Jéssica Vitória Dias Canedo, uma jovem de 22 anos, moradora de Araguari – Minas Gerais, que foi vítima de uma notícia falsa divulgada pela página Choquei – que possui conta com mais de 30 milhões de seguidores em suas redes sociais e serve de braço midiático do atual governo -, a qual foi posteriormente replicada por outros canais de notícias, fofocas, dentre outros.

 

Na primeira quinzena de dezembro, com ares de “revelação bombástica”, a Choquei publicou em seu instagram, a (falsa) notícia de que a moça (acima identificada) seria o novo affair’ do youtuber e humorista Whindersson Nunes (43,9 milhões de seguidores), aduzindo, para tanto, que o “furo de reportagem” foi extraído de supostos prints publicados pelo perfil Garotxdo Blog.

 

Tanto Whindersson quanto Jéssica negaram os fatos em suas redes sociais, mas os apelos foram ignorados e na página de 30 milhões de seguidores foi mantida a postagem da respectiva fake news.

 

Jéssica – que não era famosa - veio a publico esclarecer a situação e solicitou que fossem excluídas as publicações, dizendo que havia um quadro de depressão que estava sendo agravado com o linchamento virtual dos ataques e xingamentos que ela vinha sofrendo por haters (seguidores da Choquei e fãs-clubes do Whindersson e suas ex-namoradas, igualmente famosas), com críticas sobre sua aparência, classe social, acusações de interesseira, dentre outras.

 

Ao tomar ciência do apelo da moça, o administrador da página Choquei fez o quê? Debochou, dizendo que ‘a redação do ENEM já passou’ (em referência ao tamanho do texto/desabafo escrito pela Jéssica em suas redes).

 

Com isso, podemos concluir que o administrador da Choquei não se incomodou com as mentiras disseminadas por sua conta do instagram, mas sim pelo fato da moça vir à público desmentir a estória para fazer cessar a difamação injusta que ela vinha sendo vítima.

 

Não tendo obtido êxito na tentativa, Jessica solicitou que sua mãe intervisse em seu favor, até que a Sra. Inês gravou um vídeo suplicando para que cessassem as fofocas envolvendo o nome de sua filha, reiterando seu delicado estado mental, em referência a depressão, fobia social e tentativas anteriores de suicídio. Também não adiantou.

 

Apesar dos pedidos da mãe e da própria Jéssica, a Choquei não deletou as postagens, nem se retratou. Pior, ainda zombou da moça.

 

Não suportando mais tamanha pressão, a Jéssica - infelizmente - pôs fim à própria vida no dia 22/12/2023. E a Choquei fez o que? Perseguiu pela busca incessante de cliques e likes e publicou sobre o suicídio da moça, mesmo ciente que de alguma forma poderia ter contribuído para aquele trágico desfecho.

 

E, pasmem. A situação foi tão grave que figuras públicas dos dois espectros políticos chegaram ao consenso de que a Choquei e demais blogs de fofocas envolvidos deveriam responder criminalmente pelo fato.

 

Embora pareçam concorrentes, os perfis Choquei, Fofoquei, Sincero Oficial, Nazaré Amarga, Central da Fama, Otariano, Memes do Twitter e outros 30 - todos relacionados a fofocas, memes e notícias – são representados por uma única equipe comercial, a da Banca Digital, braço de marketing de influência da empresa Mynd8.

 

Ocorre que, por trás das fofocas e aparente superficialidades, estão milionárias verbas publicitárias de grandes empresas, destinadas especificamente a canais digitais, sendo capaz de pautar o mesmo assunto em rede nacional (viralizar o conteúdo) por simultânea menção em todos os perfis, inclusive, de fake news, como foi o caso da Jéssica Canedo.

 

O perfil Garotx do Blog, que publicou os supostos printsda fake news que levou a moça a tirar a própria vida, por coincidência ou não, faz parte da mesma grande rede de (des)informação acima informada (também agenciado pela Mynd8).

 

Após a morte da moça vir à público, várias pessoas pediram punição dos responsáveis. Mas o Chefe do Poder Executivo, Lula, sem tocar no nome da referida página de fofoca (e da fake news por ela disseminada), lamentou o óbito e já emendou a pauta política, pedindo urgência na votação do PL 2630 (da Censura).

 

Ainda na sequência de – coincidência ou não? - , o governo defende o PL da Censura para “proteger a democracia”, mas não se importa se as páginas militantes de fofocas espalham fake news que levam pessoas ao suicídio.

 

Mas a reflexão que trago aqui é a seguinte: Se prints falsos publicados pela Choquei foram capazes de destruir uma vida, uma família, imaginem o tamanho da influência dessa página - que, reitero, possui mais de 30 milhões de seguidores (contando todas as redes) – durante as eleições de 2022?

 

Isso porque, a Choquei – valendo-se de nomes também agenciados pela Mynd8 – como Luiza Sonza e Pablo Vittar, fizeram forte campanha nas eleições para que o público jovem tirasse título de eleitor, depois fizeram uma campanha mais forte ainda em favor do atual presidente Lula.

Sem contar as interações com o deputado esquerdista André Janones, quando este quis “ensinar” a lidar contra o Bolsonarismo e usaria a Choquei para isso, dizendo que “o povão ama essas páginas de fofocas”.

 

Nas mesmas eleições de 2022, o mesmo Janones ensinou a “mentira técnica”, só para termos uma ideia da origem das influências de meras páginas de fofocas. Após a morte da Jéssica, o mesmo Janones culpou as bigtechs pelo ocorrido, isentando a Choquei de qualquer responsabilidade, até por ser a página propagadora de suas mentiras técnicas para a militância esquerdista.

 

Mas voltando à Mynd8, ela decide quem os perfis coordenados por ela irão linchar publicamente e quem irão poupar, propagando fake news, hipocrisia e (muito) ódio nas redes sociais, especialmente, se considerando a blindagem à figura da cantora Luiza Sonza, que foi condenada por racismo e NENHUMA das páginas administradas pela agência comercial fez menção acerca do assunto.

 

Fake news porque se valeu de uma delas para gerar o (infeliz) resultado morte da mineira Jessica, de 22 anos, que, até então anônima e portadora de depressão e fobia social, viu seu nome ser escancarado em quase todas as páginas de fofoca como suposta affair do humorista Winderson Nunes (que nunca existiu, conforme afirmado por ambos em suas redes, na tentativa frustrada - que os perfis excluíssem aquelas postagens, pois estava causando danos psicológicos à moça envolvida. A mãe dela interviu, desesperadamente, para resguardar sua filha dos milhares de ataques haters sofridos pela moça.

 

Hipocrisia porque a mesma Luiza acima mencionada, respondeu e foi condenada por racismo, mas a rede globo e os portais de fofocas integrantes da banca digital não publicaram nenhuma notinha a respeito do assunto, num silêncio ensurdecedor coordenado. Afinal, a Luiza integra essa banca digital que tem como sócia a Preta Gil e tem o apoio do presidenciável, da primeira dama Janja e a admiração do Felipe Neto.

 

Ou seja, se fosse opositor o autor de eventual caso de racismo, a banca lança na fogueira virtual e promove o linchamento digital do envolvido sendo citado concomitantemente em todas as páginas integrantes da banca digital, que por somarem dezenas de milhões de seguidores, acabam viralizando o assunto, que se torna trending topic e alcança extensões estratosféricas manipulando a informação que será distribuída à grande massa conforme os próprios interesses. 

 

E a propagação do ódio se deve ao fato de que, mesmo sendo exaustivamente desmentido pelas partes envolvidas, devido ao excessivo número de likes e alto engajamento, a Choquei manteve a postagem dos prints no Instagram, zombou do pedido da moça para excluí-los e, como se não bastasse a sordidez até então relatada, publicou sobre o suicídio da Jessica, só vindo a excluir as publicações relacionadas a Jessica após o óbito dessa pobre moça, que viu sua vida devastada pela maldade alheia, propagadora do ódio com base em fake news.

 

A propósito, a mídia noticiou essa semana que o ministro Alexandre de Moraes fechou o cerco contra supostos novos integrantes dos atos de 8/1 (os únicos excluídos do indulto de Lula), no entanto, o silêncio da mídia sobre a (ir)responsabilidade perpetrada pela página Choquei e seu administrador, bem como, a omissão  do STF em relação a apuração dos fatos que envolvem a morte de uma jovem mulher, vítima de fake news, permanece inerte.

 

Lado outro, existe em tramitação o denominado inquérito das fake news, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que fiscaliza sabe quem? O ex-presidente Bolsonaro e congressistas aliados. Mas até agora não houve nenhuma movimentação contra o administrador da página responsável pela disseminação de uma notícia falsa que gerou o resultado morte.

 

Fica mais que evidente a demonstração do fato de que o sistema é parcial e apoia um dos lados, perseguindo quem quer que se apresente ou defenda os ideais defendidos pelo lado oposto, valendo-se da banca digital para consumar a massificação de narrativas fakes news com a nítida intenção de destruição de reputações. 

 

Podemos ver que os perfis não checam a veracidade do conteúdo publicado, mesmo sendo o princípio básico do jornalismo, lembrando que se apresentam como páginasinformativas e de fofocas.

 

Ao contrário de Luiza, Jéssica não foi poupada, nem com a imagem, nem com a dor, nem com a vida.

 

*Danielle Barbato é advogada especializada em Direito Civil e Processo Civil, Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, Direito Imobiliário e Gestora Condominial.    

 

 

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Paulo Sa 29/12/2023

Sempre leio suas publicações... Coerentes e pautadas na verdade! Parabéns por mostrar o escarnio que vivemos! A falta de consciência é clara, principalmente ao cuidar da vida alheia e esquecer seu próprio rabo!

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Lourdes Maria Coutinho 29/12/2023

Parabéns pelo texto. Ótimo! Mostrando a verdade!

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2 comentários