Nos últimos anos, a reforma agrária no Brasil tem enfrentado obstáculos significativos, e essa realidade se mantém em 2024. Segundo João Paulo Rodrigues, diretor nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a proposta do governo Lula não está atendendo às necessidades do movimento. O MST reporta que há cerca de 60 mil famílias aguardando por terras, enquanto o governo prevê assentar apenas 20.490 famílias em 2025, meta considerada insuficiente pelo movimento.
Rodrigues enfatiza que a lentidão na questão agrária é motivo de grande preocupação para o MST, que tem um compromisso com sua base. A urgência de uma reunião com o presidente Lula após o G20 é destacada como essencial para discutir questões críticas à reforma agrária e enfatizar a importância de assentar efetivamente as famílias acampadas.
As demandas do MST vão além do simples assentamento das famílias. O movimento busca, também, garantir uma série de medidas que visam fortalecer a agricultura familiar e melhorar as condições de vida no campo. As principais reivindicações incluem:
- Crédito especial no Pronaf: Acesso facilitado a créditos via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar é primordial para empoderar pequenos agricultores.
- Renegociação de dívidas: Facilitar o pagamento de dívidas antigas é fundamental para que os agricultores possam investir novamente.
- Aumento de recursos na Conab: A Companhia Nacional de Abastecimento precisa de mais suporte financeiro para atender às demandas de estoque e distribuição de produtos agrícolas.
- Educação no campo: Uma garantia de R$160 milhões é solicitada para promover a educação rural, possibilitando maior qualificação e capacitação dos trabalhadores.
- Construção e reforma de moradias: A construção de 50 mil novas casas e a reforma de 150 mil residências são vistas como prioritárias para melhorar o bem-estar das famílias assentadas.
Por que a reforma agrária é uma prioridade para o MST?
A reforma agrária é considerada crucial pelo MST por ser vista como um caminho para a justiça social e o desenvolvimento rural sustentável. Sem terra, não há possibilidade de produção, autonomia ou segurança alimentar, dizem eles. O movimento sustenta que apenas por meio da estruturação adequada das famílias no campo será possível alcançar um desenvolvimento que beneficie toda a sociedade, reduzindo a pobreza e promovendo a equidade.
- Corrige a desigualdade na distribuição de terras;
- Garante a produção de alimentos saudáveis e a soberania alimentar;
- Promove o desenvolvimento sustentável;
- Inclui socialmente milhões de famílias;
- Democratiza o campo.
O MST mantém esperança e pressão para que o governo atual cumpra suas promessas e avance no projeto de reforma agrária. A busca por um diálogo aberto com o governo pretende garantir que os itens reivindicados sejam atingidos. Existe ainda a expectativa de que sejam desenvolvidos programas relacionados à mecanização agrícola e produção de bioinsumos, visando modernizar e tornar a produção no campo mais sustentável.
A reforma agrária no Brasil é um tema extremamente polêmico e que gera debates acalorados há décadas. Essa polêmica se deve a uma série de fatores complexos e interligados, que envolvem questões sociais, econômicas, políticas e históricas.
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