O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instaurou, por unanimidade, um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o juiz Wladymir Perri, acusado de irregularidades na condução do inquérito sobre o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023, em Cuiabá.
A decisão foi tomada nesta terça-feira (10), durante a 16ª Sessão Ordinária de 2024.
O ministro corregedor nacional de Justiça, Campbell Marques, destacou em seu voto a necessidade de garantir que os magistrados atuem com transparência e dentro dos limites da legalidade.
O foco do PAD é a conduta do juiz ao confiscar o celular da vítima – apelidado de "celular bomba" – que continha provas de um suposto esquema de venda de decisões judiciais no Judiciário Estadual.
Conforme o corregedor, há indícios de desvio funcional do magistrado.
Entre as irregularidades apontadas, estão a violação de lacres de envelopes contendo provas sem a presença das partes interessadas e a negativa de acesso ao material para a defesa.
Tais ações, segundo Marques, levantam suspeitas sobre a quebra de custódia das provas.
O advogado Zampieri foi morto em circunstâncias ainda não esclarecidas, e o conteúdo de seu celular revelou informações que resultaram no afastamento de oito magistrados.
Em sua defesa, o juiz Perri alegou que recolheu o aparelho para proteger a identidade da vítima.
No entanto, a gravidade das acusações levou à decisão do CNJ de aprofundar as investigações.