Reuters
A visita de representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) ao Brasil está gerando expectativa no meio jurídico e político. O grupo trabalha na elaboração de um relatório detalhado sobre a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A robustez do documento pode ser explicada por um fator econômico: o principal financiador da OEA é o governo dos Estados Unidos, atualmente sob o comando de Donald Trump, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e adversário de Moraes.
Entre os principais nomes no núcleo duro de Trump estão o bilionário Elon Musk e o estrategista Jason Miller, ambos alvos de decisões judiciais do ministro brasileiro.
O envolvimento de figuras ligadas ao governo norte-americano na questão amplia a tensão sobre os possíveis impactos do relatório.
A OEA recebe anualmente cerca de 52 milhões de dólares dos Estados Unidos, valor que representa metade da arrecadação total do organismo internacional.
Com a postura rígida de Trump em relação ao financiamento de ONGs e agências internacionais, como a USaid, a cúpula da OEA busca demonstrar comprometimento e evitar cortes orçamentários.
Declarações chamam atenção
Durante entrevista ao Metrópoles, Pedro Vaca Villarreal, enviado da OEA, destacou o impacto das denúncias contra Alexandre de Moraes. Ele afirmou ter ficado "impressionado" com a gravidade das acusações feitas por deputados, senadores e manifestantes contrários às decisões do ministro.
As histórias dos presos pelos atos de 8 de janeiro foram um dos pontos que mais chamaram a atenção da OEA.
Um dos casos citados foi o de Cleriston Pereira da Cunha, que faleceu na Penitenciária da Papuda após passar mal.
Segundo sua filha, Luiza Cunha, pedidos médicos e pareceres da Procuradoria-Geral da República recomendando a soltura de Cleriston foram ignorados pelo gabinete de Moraes.
O relatório da OEA será divulgado em breve e poderá ter repercussão internacional, afetando diretamente a posição de Alexandre de Moraes no cenário jurídico e político.
O que ainda não se sabe é se o impacto será uma leve dor de cabeça ou uma enxaqueca política para o ministro.